Tim Walz foi escolhido, nesta terça-feira (6), pela candidata democrata Kamala Harris para acompanhá-la na corrida à Casa Branca em novembro, designação que confirma a carreira atípica deste ex-professor, que se tornou governador do Estado de Minnesota.
Pouco conhecido fora do seu Estado, este homem de 60 anos tem se destacado nas últimas semanas pelas repetidas críticas ao ex-presidente e candidato republicano Donald Trump e ao seu entorno, o qual descreve como "caras estranhos".
— Não temos medo dos caras estranhos — disse o líder democrata durante um evento de campanha. — Acredito na minha experiência como professor: os agressores não têm poder nenhum — acrescentou.
Natural do Estado de Nebraska, Walz está no mundo do ensino há muitos anos, principalmente como professor de geografia e treinador de futebol americano. Também deu aulas durante alguns meses na China, logo após os famosos protestos dissidentes na Praça Tiananmen, em Pequim, na primavera de 1989.
— O fato de poder estar em uma escola de ensino médio chinesa naquele momento crucial foi realmente essencial — confessou, anos depois, perante comissão do Congresso dos EUA, onde serviu durante 12 anos.
Quando circularam os primeiros rumores sobre a sua designação como parceiro eleitoral de Kamala Harris, alguns internautas questionaram se ambos tinham realmente a mesma idade.
"Fui supervisor de refeitório durante 20 anos. Não se faz esse trabalho sem arrancar os cabelos", respondeu o governador, com humor, em sua conta na rede social X.
Duas crises um ano após assumir Minnesota
Em janeiro de 2019, Walz tornou-se governador de Minnesota, Estado da região dos Grandes Lagos, que faz fronteira com o Canadá.
Apenas um ano depois, foi forçado a conciliar duas grandes crises: a pandemia de covid-19 e a morte de George Floyd, um homem negro que morreu sufocado sob os joelhos de um policial branco em uma escandalosa operação policial.
Minneapolis, a maior cidade daquele Estado, acabou tomada por violentos protestos pela morte de Floyd, o que desencadeou um enorme movimento de manifestações antirracistas nos Estados Unidos durante muitos meses.
Os republicanos acusam o governador de ser muito frouxo em sua estratégia contra a criminalidade, enquanto os democratas elogiam seu histórico na defesa dos direitos civis, como a proteção do direito ao aborto, questão transcendente nas discussões da campanha eleitoral.
Após a decisão da Suprema Corte dos EUA, em junho de 2022, que derrubou as proteções constitucionais para o aborto, Walz se comprometeu efetivamente a transformar o seu Estado em um refúgio para mulheres que buscam a interrupção assistida da gravidez.
Uma clínica, localizada no estado vizinho de Dakota do Norte — muito mais repressiva nas regulamentações — mudou-se então para o outro lado da fronteira.
Em março de 2024, ele participou com Harris da primeira visita de uma vice-presidente a uma clínica de aborto. E agora, em novembro, espera fazer história ao chegar à Casa Branca.