María Oropeza, colaboradora da líder da oposição venezuelana María Corina Machado, registrou na terça-feira (6), em uma transmissão ao vivo, o momento em que é levada por militares. A detenção ocorreu horas depois de criticar uma campanha oficial que pede a denúncia de casos de "ódio" em meio aos protestos contra a questionada reeleição de Nicolás Maduro.
María Oropeza é coordenadora do comando de campanha de María Corina no Estado de Portuguesa e exibiu, no Instagram, o momento em que funcionários da Direção de Contrainteligência Militar bateram e forçaram a porta para entrar em sua casa. O vídeo foi compartilhado nas redes sociais do Comitê de Direitos Humanos do partido Vente Venezuela, coordenado por María Corina (veja abaixo).
— Estão entrando na minha casa de maneira arbitrária, não há nenhuma ordem de busca. Estão destruindo a porta, eu realmente peço ajuda, peço auxílio a todos que puderem. Eu não sou uma criminosa, sou apenas mais uma cidadã que quer um país diferente — disse María Oropeza, antes do corte da transmissão.
Ela havia criticado horas antes a chamada Operação Tun Tun da Direção de Contrainteligência Militar, que disponibilizou uma linha telefônica para denunciar casos de "ódio" físico ou virtual em meio às medidas adotadas contra as mobilizações organizadas após as eleições presidenciais de 28 de julho, que a oposição denuncia como fraudulentas.
Como parte da campanha, a Direção de Contrainteligência Militar solicita dados da pessoa que denuncia, data, localização, "evidências físicas ou digitais que demonstrem a agressão ou ameaça" e o número do telefone ou perfil social, segundo uma publicação do diretor da polícia científica, Douglas Rico.
— Esta Operação Tun Tun carece de qualquer argumento jurídico, ou seja, o que realmente estamos enfrentando é a caça às bruxas (...) contra todos os cidadãos que se expressaram na votação de 28 de julho — argumentou María Oropeza, em um vídeo divulgado mais cedo em suas redes sociais.
Entenda a crise
O Conselho Nacional Eleitoral proclamou a reeleição de Maduro para um terceiro mandato de seis anos com 52% dos votos, contra 43% do candidato da oposição Edmundo González Urrutia, representante de María Corina devido a uma inabilitação política da líder opositora.
Ambos denunciaram fraude eleitoral e afirmam ter em sua posse cópias das atas que comprovam a vitória da oposição.
Os protestos deixaram mais de 2,2 mil detidos, segundo Maduro, e 24 mortos, segundo ONGs de defesa dos direitos humanos.
Mais de cem ativistas da oposição foram detidos durante o período eleitoral na Venezuela. María Corina anunciou que está na clandestinidade por temer por sua vida. González Urrutia não aparece publicamente há uma semana.
O Ministério Público anunciou uma investigação criminal contra os líderes da oposição e seis colaboradores de María Corina permanecem refugiados na embaixada da Argentina.
Em uma mensagem nas redes sociais, María Corina criticou a detenção de María Oropeza e exigiu sua libertação.