O candidato opositor da Venezuela, Edmundo González Urrutia, declarou, às vésperas do dia de votação, que a eleição deste domingo (28) será a "mais importante expressão democrática" do país nos últimos anos e convocou os eleitores para votarem e "serem testemunhas" dos resultados.
Urrutia é o principal nome que disputa o cargo com Nicolás Maduro, que tenta chegar a 18 anos de poder em uma corrida marcada por ameaças e prisões de opositores.
— Amanhã será, sem dúvida, a mais importante expressão democrática do povo venezuelano nos últimos anos. É por isso que quero reiterar o convite para exercer o direito que cada um de vocês tem de transformar o seu futuro — disse em vídeo publicado no X.
Em sua mensagem, o candidato também criticou o episódio de sexta-feira (26), quando autoridades da Venezuela fecharam as fronteiras, impediram que um grupo de ex-presidentes latino-americanos viajasse para observar as eleições e proibiram a entrada da delegação com 10 deputados e senadores espanhóis em Caracas.
— Chegamos até aqui ultrapassando muitas dificuldades, todas superadas. Ontem, proibiram a entrada na Venezuela de personalidades importantes de diversos países que vinham nos acompanhar — disse.
Na véspera das eleições na Venezuela, o opositor ao regime de Nicolás Maduro expressou a sua gratidão aos voluntários que estarão nos centros de votação.
— Vocês têm uma responsabilidade muito grande sobre os ombros e estamos seguros de que a realizarão de maneira exemplar — afirmou ele, destacando a importância de assegurar que a vontade do povo seja respeitada.
Ele também convidou todos os cidadãos a comparecerem aos centros de votação no final da jornada para serem testemunhas da integridade dos resultados obtidos:
— Estendo o convite ao resto dos cidadãos para que se aproximem no final da jornada ao seu centro de votação e sejam testemunhas da integridade dos resultados.
O opositor, que tenta pôr fim a 25 anos de governos chavistas, garantiu que ele e a sua equipe estarão atentos durante todo o processo eleitoral e manifestou o seu desejo de que tudo ocorra sem conflitos.
— Esperamos e desejamos que tudo ocorra em paz — finalizou.
Pesquisas
As pesquisas eleitorais da Venezuela divergem sobre o resultado do pleito presidencial marcado para domingo. Enquanto algumas enquetes dão a vitória com ampla margem a Urrutia, outros levantamentos apontam para uma vitória de Maduro, também com uma margem confortável.
Institutos de pesquisa como Datincorp, Delphos e Meganálisis, entre outros, dão vitória ao opositor. Já pesquisas do Centro de Medição e Interpretação de Dados Estatísticos (Cmide), do Hinterlaces e do Internacional Consulting Services (ICS), entre outros estudos, indicam que o atual chefe de Estado deve se reeleger para um terceiro mandato, segundo informa a Telesur, veículo estatal do país.
Polêmicas recentes
Durante discurso em um dos atos de sua campanha à presidência, Maduro afirmou que haverá um "banho de sangue" e uma "guerra civil fraticida" caso não vença as eleições.
O chefe venezuelano não especificou sobre quem falava quando citou "banho de sangue" e "guerra civil fraticida", mas usou o termo "fascistas". Na ocasião, ele disse aos eleitores que almeja "a maior vitória da história eleitoral do nosso povo".
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que ficou "assustado" com as declarações do presidente venezuelano.
— Fiquei assustado com a declaração do Maduro dizendo que se ele perder as eleições vai ter um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de voto, não de sangue. O Maduro tem que aprender que, quando você ganha, você fica, quando você perde, você vai embora. Vai embora e se prepara para disputar outra eleição — afirmou Lula.
— Que tome um chá de camomila. Eu não disse mentiras. Apenas fiz uma reflexão. Quem se assustou que tome um chá de camomila. Na Venezuela vai triunfar a paz, o poder popular, a união cívico-militar-policial perfeita — respondeu Maduro, sem mencionar expressamente o presidente brasileiro.
O governante socialista fez referência ao "Caracazo", um levante social em fevereiro de 1989 que deixou milhares de mortos, segundo denúncias, embora o balanço oficial tenha sido de cerca de 300 falecidos.
O antecessor de Maduro, Hugo Chávez, justificou com isso a insurreição fracassada que liderou em 4 de fevereiro de 1992 e que marcaria a ascensão de sua popularidade.
— Eu disse que se, negado e transmutado, a direita extremista (...) chegasse ao poder político na Venezuela haveria um banho de sangue. E não é que eu esteja inventando, é que já vivemos um banho de sangue, em 27 e 28 de fevereiro — manifestou o chefe de Estado venezuelano.