Um primeiro contingente de policiais quenianos chegou nesta terça-feira (25) a Porto Príncipe, no âmbito de uma missão internacional para restaurar a segurança no Haiti, um país abalado pela violência de gangues.
Um avião da companhia aérea nacional Kenya Airways pousou pela manhã no aeroporto da capital haitiana com 200 policiais a bordo.
Na quinta-feira chegará um segundo contingente de oficiais, informou uma fonte do governo haitiano.
"É uma oportunidade única" para restabelecer a segurança no país, declarou nesta quarta o primeiro-ministro interino, Garry Conille.
O Quênia prometeu mandar milhares de policiais ao Haiti para esta missão, da qual também se comprometeram a participar Bangladesh, Benin, Chade, Bahamas e Barbados.
O envio desta força, que terá cerca de 2.500 agentes, foi aprovado por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU em outubro, mas demorou a ser concretizado.
A missão tem sofrido críticas no Quênia, onde a justiça atrasou o envio dos agentes.
- Tarefa árdua -
O presidente americano, Joe Biden, assegurou nesta terça-feira que o contingente queniano "levará um alívio muito necessário aos haitianos".
Biden se mostrou "muito agradecido aos países que prometeram seu apoio com pessoal e recursos financeiros para esta missão" e lembrou que os Estados Unidos são o país que forneceram mais dinheiro com "mais de 300 milhões de dólares [1,6 bilhão de reais]" em fundos e "até 60 milhões de dólares [325 milhões de reais] em material".
A tarefa dos integrantes da missão internacional no Haiti se apresenta muito complicada.
O país sofre de instabilidade política crônica há décadas e, nos últimos meses, enfrentou uma intensificação da violência de gangues, que controlam 80% da capital, Porto Príncipe.
A situação deteriorou-se no final de fevereiro, quando grupos armados lançaram ataques coordenados em Porto Príncipe para derrubar o então primeiro-ministro Ariel Henry.
Desde então, as autoridades de transição, incluindo o primeiro-ministro interino, foram designadas com a tarefa de restaurar a estabilidade.
- 600 mil deslocados -
A violência criminosa causou uma grave crise humanitária no Haiti, onde o número de deslocados internos aumentou 60% desde março e soma quase 600 mil pessoas, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
A missão apoiada pela ONU, na qual os Estados Unidos estão diretamente envolvidos do ponto de vista logístico, embora sem contribuir com tropas, visa apoiar a polícia haitiana na luta contra as gangues que aterrorizam a população.
O Haiti "espera que esta missão multinacional seja a última que contribua para estabilizar o país para que possa renovar o seu pessoal político e retornar a uma democracia efetiva", escreveu Conille na rede social X.
O projeto do novo governo inclui a realização de eleições no país caribenho, cujos habitantes não comparecem às urnas desde 2016.
* AFP