A quarta fase das eleições gerais indianas, que prosseguirão até 1º de junho, acontece nesta segunda-feira (13), em particular na Caxemira administrada pela Índia, onde os eleitores podem votar para rejeitar o regime autoritário do primeiro-ministro Narendra Modi neste território de maioria muçulmana.
Quase um bilhão de indianos estão registrados para votar e escolher um novo governo, no maior processo democrático do mundo.
Modi é muito popular em grande parte da Índia e os analistas preveem que seu partido nacionalista hindu, o Bharatiya Janata Party (BJP), vença as eleições, que devem ter os resultados divulgados em 4 de junho.
Mas a sua decisão repentina, em 2019, de revogar o status semiautônomo da Caxemira e colocar o território sob o domínio direto de Nova Délhi, com a imposição de medidas de segurança drásticas, causou um profundo ressentimento entre muitos moradores da região, que votarão pela primeira vez desde então.
"O que falamos aos eleitores é que devem fazer com que sua voz seja ouvida", disse à AFP Omar Abdullah, ex-ministro-chefe do território, cujo partido, a Conferência Nacional, faz campanha para restaurar o status semiautônomo.
- Inaceitável -
"O ponto de vista que queremos que a população expresse é que o que aconteceu (...) é inaceitável", afirmou Abdullah.
Grupos separatistas na Caxemira controlada pela Índia desde 1989 buscam a independência ou a fusão com o Paquistão.
Porém, desde a revogação do status semiautônomo pelo governo Modi em 2019, a insurgência foi esmagada.
Durante a campanha eleitoral, Modi e seus ministros celebraram o fim do status especial da Caxemira, alegando que a revogação permitiu a "paz e o desenvolvimento".
Os confrontos entre as forças de segurança e os grupos rebeldes ficaram mais intensos desde 19 de abril, data do início das eleições gerais, divididas em sete fases e que prosseguem até 1º de junho.
E, pela primeira vez desde 1996, o BJP não apresenta nenhum candidato para as três vagas correspondentes ao Vale da Caxemira, ao mesmo tempo que pede aos eleitores que apoiem partidos novos ou pequenos que seguem a sua linha política na região.
- Nenhum candidato do BJP -
"Para eles, esta eleição é uma espécie de referendo para expressar sua divergência", declarou à AFP Sidiq Wahid, historiador e analista político.
"O BJP não apresenta nenhum candidato por uma razão muito simples: o partido perderia, apenas isso", acrescentou.
A população da região tem a oportunidade de expressar, por meio do voto, suas frustrações relacionadas com a forte presença militar indiana, com mais de meio milhão de soldados.
A Caxemira está dividida entre Índia e Paquistão, que, desde a sua independência em 1947, reivindica a soberania sobre todo o território do Himalaia.
A região foi a causa de duas das três guerras travadas entre os dois países desde então.
Nova Délhi acusa Islamabad de apoiar grupos separatistas, o que o Paquistão nega. A parte administrada pela Índia registrou mais de três décadas de distúrbios, com dezenas de milhares de mortos entre civis, soldados e insurgentes separatistas.
A taxa de participação nas eleições gerais até o momento é inferior à registrada em 2019. Analistas atribuem a queda a um "certo desinteresse" dos eleitores e à onda de calor que afeta o país.
* AFP