Nikki Haley, ex-embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU) e pré-candidata à presidência pelo Partido Republicano, anunciou nesta quarta-feira (6) sua retirada da corrida eleitoral.
Com a retirada de Haley, o ex-presidente Donald Trump emerge como o único pré-candidato republicano, fortalecendo ainda mais sua posição para ser confirmado como o candidato presidencial do partido, em uma reedição da disputa eleitoral de 2020 contra o democrata Joe Biden.
O anúncio da desistência foi feito em um discurso final da conservadora para apoiadores em Charleston, Carolina do Sul, onde ela foi governadora:
— É hora de suspender a minha campanha.
— Eu disse que queria que as vozes dos americanos fossem ouvidas. Eu fiz isso. Não estou arrependida — completou.
Haley representava a única concorrência interna significativa para Trump dentro do partido.
— Cabe agora a Donald Trump ganhar os votos daqueles no nosso partido que não o apoiaram, e espero que o faça. Agora é a hora de escolher — disse.
Segundo a imprensa norte-americana, a decisão de abandonar a corrida foi motivada pelos resultados da Superterça, a votação simultânea em 15 Estados realizada na terça-feira (5), que consolidou uma vitória esmagadora de Trump no campo republicano. Trump totalizou 995 delegados contra 89 da republicana. São necessários 1.215 para confirmar a nomeação.
O ex-presidente saiu vitorioso na maioria dos Estados durante a Superterça, que elege cerca de um terço dos delegados do Partido Republicano em disputa. Dos 15 Estados que realizaram prévias, Trump conquistou a vitória em 14, incluindo Califórnia e Texas, os dois maiores colégios eleitorais do país. Por sua vez, Haley conseguiu vencer apenas em Vermont.
O cenário
Única mulher na corrida republicana e última grande rival de Trump, Nikki Haley se apresentou nas primárias como representante de uma mudança geracional que poderia agregar mais eleitores aos republicanos. Ela foi a primeira candidata a desafiar Trump e a última a retirar a candidatura, em uma eleição primária que possuía outros adversários, vistos no início como mais viáveis que Haley para derrotar o ex-presidente.
A campanha da ex-governadora da Carolina do Sul não encontrou o apelo necessário em uma base republicana que se tornou majoritariamente apoiadora do ex-presidente.
As pesquisas mostram que Haley teve força entre independentes e mulheres suburbanas, grupos-chave nas eleições gerais. No final da campanha, ela agregou os diferentes grupos opositores, atraindo financiadores ricos, ativistas e outros republicanos que perderam a influência nos últimos anos, mas não foi suficiente para ameaçar o domínio de Trump sobre o partido.
Agora que ela retirou a candidatura, resta a dúvida se esses grupos irão ampliar a base apoiadora de Donald Trump. Há pelo menos três grupos entre eles, identificados em uma reportagem do The New York Times após entrevistar mais de 40 eleitores de Haley na Carolina do Sul: os que não irão votar; os que votarão em Trump, apesar da insatisfação; e os que cogitam votar em Biden.
No discurso de encerramento nesta quarta-feira, a ex-embaixadora ampliou sua agenda política para pautas mais alinhadas à agenda de Trump, citando preocupações com os gastos públicos, apoio à Ucrânia e limite de mandatos, no que pareceu uma tentativa de aproximar seus apoiadores do republicano.