O primeiro-ministro de Israel, Benyamin Netanyahu, rebateu no domingo (17) as críticas que vêm dos Estados Unidos, seu principal aliado, pela guerra em Gaza. E prometeu que seguirá com a operação em Rafah, mesmo com os alertas da comunidade internacional contra a ofensiva na cidade que abriga mais de 1 milhão de palestinos deslocados pelo conflito.
— Nenhuma pressão internacional nos impedirá de alcançar todos os objetivos da nossa guerra — disse ele em reunião do governo. — Atuaremos em Rafah, vai levar algumas semanas, mas vai acontecer — reforçou.
Em declarações separadas à imprensa norte-americana, Netanyahu respondeu ao líder democrata no Senado, Chuck Schumer, que o chamou de "obstáculo para paz" e pediu novas eleições em Israel num duro discurso, que refletiu o descontentamento no partido do presidente dos EUA, Joe Biden, com o drama humanitário em Gaza.
— Não somos uma república das bananas — disse o primeiro-ministro, repetindo a expressão que já havia sido usada pelo seu partido, o Likud, em resposta à Schumer. — As pessoas de Israel vão escolher quando terão eleições e quem vão eleger e não é algo que nos será imposto — declarou à Fox News.
Em outra entrevista, dessa vez para a rede CNN, Netanyahu foi questionado se iria se comprometer com novas eleições depois da guerra e insistiu:
— É algo que as pessoas em Israel vão decidir.
Hoje, as pesquisas apontam que o primeiro-ministro mais longevo de Israel seria derrotado nas urnas.
Rusgas com os EUA
O governo Netanyahu tem rejeitado a solução de dois Estados, defendida pelos EUA para o futuro pós-guerra, e resistido à pressão por uma cessar-fogo com o argumento de que a pausa nos combates permitiria a reorganização do grupo terrorista.
Principal aliado de Tel-Aviv, Washington fornece armas e apoio diplomático, usando o seu poder de veto para barrar resoluções do Conselho de Segurança da ONU por cessar-fogo, mas passou a dar sinais públicos de afastamento. Nas últimas semanas, Biden já chamou a ação de Israel em Gaza de "exagerada" e disse, em áudio vazado, ter dado um ultimato a Netanyahu.
A tensão escalou na semana passada com o discurso de Schumer, o judeu que ocupa o posto mais alto em Washington e, até então, era um dos defensores mais vocais de Israel entre os democratas.
O partido enfrenta um dilema, com pressão da ala mais progressista e votos de protesto do seu eleitorado árabe-americano contra o apoio a Tel-Aviv.
Pressão internacional por cessar-fogo
Fora dos Estados Unidos, Israel também enfrenta a crescente pressão internacional. Em visita à Jerusalém no domingo, o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz defendeu a necessidade de um acordo para a liberação dos reféns, mantidos em Gaza desde o ataque terrorista do Hamas, em 7 de outubro, além de um cessar-fogo duradouro no enclave.
Netanyahu já chamou de "irrealista" a proposta apresentada pelo Hamas para o fim dos combates, mas permitiu que os negociadores israelenses participassem das negociações, que deveriam ser retomadas neste domingo no Catar.
Ao lado de Scholz, o israelense rejeitou qualquer acordo que impeça Tel-Aviv de se defender.
— Se nos oferecem um acordo, um caminho para a paz que debilite Israel, impeça de defender-se (...), isso faria retroceder a paz — disse.
A guerra foi desencadeada pelo ataque terrorista do Hamas, que matou 1,2 mil pessoas e levou cerca de 250 como reféns.
Do lado palestino, os ataques já deixaram mais de 30 mil mortos, segundo o ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
Os EUA confirmam que mais de 25 mil vítimas são mulheres e crianças.