O primeiro navio que levou ajuda humanitária à Faixa de Gaza por meio de um corredor marítimo a partir do Chipre chegou, nesta sexta-feira (15), ao território palestino. Cerca de 200 toneladas de alimentos foram enviadas pela embarcação, destinadas a aliviar a crise humanitária no enclave cinco meses após o início da guerra entre Israel e Hamas.
O navio, operado pela ONG espanhola Open Arms, deixou o Chipre na terça-feira (12), rebocando uma barcaça carregada com alimentos enviados pela World Central Kitchen (WCK), instituição de caridade fundada pelo chef de cozinha José Andrés. O navio foi inspecionado pelas autoridades israelenses antes de deixar o Chipre.
Linda Roth, porta-voz da WCK, informou no início da tarde desta sexta-feira que a embarcação "está ligada ao cais temporário" construído a sudoeste da Cidade de Gaza e começou a descarregar os suprimentos.
A World Central Kitchen opera 65 cozinhas em Gaza, onde serviu 32 milhões de refeições desde o início da guerra, disse o grupo. A ajuda inclui arroz, farinha, lentilha, feijão, atum e carne enlatada, segundo a porta-voz da World Central Kitchen, Linda Roth.
O corredor marítimo aberto por iniciativa da União Europeia com apoio de outros países foi uma das soluções apontadas pela comunidade internacional para evitar a fome em Gaza. A ONU alerta para o risco de fome em Gaza, em particular no norte, de difícil acesso e onde vivem quase 300 mil pessoas atualmente.
Diante da ameaça da fome, vários países tentam entregar ajuda humanitária por terra, mar e ar ao território. A ajuda por via terrestre chega principalmente do Egito, pelo posto de fronteira de Rafah, no extremo sul de Gaza, mas é insuficiente diante da grave escassez sofrida pelos 2,4 milhões de moradores do território palestino.
O carregamento deve render quase 300 mil refeições e será levado ao norte do enclave. Acredita-se que cerca de 300 mil palestinos tenham permanecido na região, apesar das ordens israelenses para ir em direção ao sul, e muitos foram obrigados a comer ração animal nas últimas semanas.
Em paralelo, também nesta sexta-feira, o Hamas, que governa Gaza, acusou o Exército israelense de atirar a partir de "tanques e helicópteros" contra pessoas que aguardavam a distribuição de farinha em uma praça na Cidade de Gaza. Os disparos deixaram pelo menos 20 mortos e 155 feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. O Exército israelense afirmou que "palestinos armados" abriram fogo contra a multidão.