O governo dos Estados Unidos apresentou pela primeira vez um projeto de resolução ao Conselho de Segurança da ONU para pedir um "cessar-fogo imediato" em Gaza, afirmou o secretário de Estado, Antony Blinken, que nesta quinta-feira (21) tentará, no Egito, negociar uma trégua entre Israel e Hamas.
— Nós temos uma resolução que apresentamos agora, que está ante o Conselho de Segurança das Nações Unidas, que pede um cessar-fogo imediato vinculado à libertação dos reféns, e esperamos sinceramente que os países apoiem — declarou Blinken ao canal Al Hadath, durante uma visita à Arábia Saudita.
A resolução enviaria um "sinal forte", acrescentou o chefe da diplomacia americana, que até agora vetou as outras iniciativas com pedidos de trégua apresentadas no Conselho de Segurança, e na quarta-feira (20) mudou de posição.
O texto, ao qual a AFP teve acesso, destaca a "necessidade de um cessar-fogo imediato e duradouro para proteger os civis de todas as partes e permitir o fornecimento de ajuda humanitária" e a libertação dos reféns israelenses. Israel afirma que 130 reféns continuam retidos em Gaza, dos quais 33 teriam sido mortos. Ainda não foi formalizada uma data para a votação no Conselho de Segurança.
O anúncio aconteceu durante uma viagem de Blinken pelo Oriente Médio. A viagem começou na quarta-feira na Arábia Saudita, continua nesta quinta-feira no Egito e o levará na sexta-feira (22) a Israel.
Negociação
Até agora, os esforços dos mediadores internacionais — Estados Unidos, Catar e Egito — para uma trégua foram em vão. O Hamas propôs na semana passada uma trégua de seis semanas e a libertação de 42 reféns israelenses em troca da liberação de entre 20 e 50 palestinos por cada refém. Também exigiu a saída do exército israelense de Gaza e a entrada de mais ajuda humanitária, afirmou Hamdan.No dia 3 de março, Israel exigiu os nomes de todos os reféns vivos que ainda estão em poder do Hamas, o que não aconteceu.
O secretário de Estado norte-americano Antony Blinken iniciou a sexta viagem pelo Oriente Médio desde o início da guerra. Na Arábia Saudita, o secretário discutiu a "necessidade urgente de proteger todos os civis em Gaza e de aumentar imediatamente a ajuda humanitária", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller.
O chefe da diplomacia americana disse que abordará em suas reuniões "os esforços mobilizados para alcançar um cessar-fogo imediato que garanta a libertação de todos os reféns", assim como a intensificação da ajuda humanitária.
Na cidade de Gaza, o exército israelense prosseguiu com a operação no hospital Al Shifa, onde, anunciou nesta quinta-feira, matou "mais de 140" combatentes do Hamas. O objetivo é "não permitir que o local seja controlado" pelo movimento terrorista, declarou no local o comandante do Estado-Maior do exército israelense, Herzi Halevi.
ONGs e agências da ONU alertam para a iminência da fome na Faixa de Gaza, em particular no norte. Blinken reiterou na terça-feira (19) que toda a população de Gaza enfrenta "níveis severos de insegurança alimentar". O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, afirmou que Israel bloqueia a ajuda e isso "poderia ser equivalente ao uso da fome como método de guerra".