O ex-presidente do Suriname Desi Bouterse deveria entrar na prisão nesta sexta-feira (12), depois de ter sido condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato de opositores há quatro décadas, mas um membro do seu partido abordou a possibilidade de ele não se entregar às autoridades.
Um alto tribunal confirmou, em dezembro, essa sentença, pondo fim a um processo que se arrastou por 16 anos.
Nos arredores da casa de Bouterse, Ramón Abrahams, amigo próximo e vice-presidente de seu Partido Nacional Democrático (NPD), disse que o ainda muito popular político de 78 anos "está bem onde está".
"Posso dizer que está entre o Oceano Atlântico, a serra de Tumucumaque, o rio Corentyne e o rio Maroni", declarou à AFP, mencionando os limites geográficos do Suriname. "Isso ele me disse".
Bouterse ainda pode recorrer a um indulto, mas o Ministério Público indicou há dois dias que o próprio ex-presidente havia descartado tal opção. Não está claro onde seria preso, embora outros três condenados nesse caso se encontrem presos no Centro Penitenciário de Santo Boma, nos arredores de Paramaribo.
"Minhas últimas palavras para Bouterse foram: Desi, se cuide, se mantenha são porque voltará com mais força (...), não tememos nenhuma luta, porque Deus é nosso líder", disse
O ex-presidente recorreu de uma sentença de primeira instância que recebeu em 2019 pela execução, em dezembro de 1982, de advogados, jornalistas, empresários e militares presos, dois anos depois de ter tomado o poder após um golpe de Estado.
Bouterse liderou outro golpe em 1990, embora não tenha governado. Em 2010, foi eleito presidente democraticamente e se manteve no cargo até 2020.
O ex-homem forte do Exército tachou o processo do qual foi alvo de "julgamento político" e acusou os Países Baixos, a antiga potência colonial, de conspirar contra ele.
* AFP