Milhares de manifestantes sérvios se reuniram no centro da capital Belgrado neste sábado (30), a maior de uma série de manifestações contra uma suposta fraude eleitoral.
Este é o 13º protesto consecutivo desde as eleições parlamentares e locais de 17 de dezembro, nas quais o partido do presidente Aleksandar Vucic afirma ter obtido uma vitória contundente. Desde então, grupos de oposição questionam os resultados.
A principal coalizão de oposição, Sérvia contra a Violência, mas também outros grupos e iniciativas, denunciaram diversas irregularidades eleitorais, incluindo o fato de que pessoas de etnia sérvia da vizinha Bósnia puderam votar ilegalmente na capital.
Os observadores internacionais também reportaram diferentes irregularidades e muitos países do Ocidente expressaram preocupação pelo processo eleitoral.
Os protestos deste sábado foram a continuação do primeiro bloqueio de vias de 24 horas no centro de Belgrado, principalmente por parte de estudantes organizados, membros do movimento Borba ("Luta"), que exigem a anulação dos resultados e a realização de uma nova votação.
Os manifestantes se organizaram sob o lema "Não estamos de acordo" e enfatizaram: "É preciso repetir as eleições."
Os organizadores pediram colaboração à União Europeia e também o estabelecimento de um comitê de investigação independente para as irregularidades eleitorais, que busca estabelecer condições justas para as eleições e a organização de um novo pleito em seis meses.
A multidão reagiu de maneira importante quando, com ajuda de seus correligionários, subiu ao palanque a líder da oposição sérvia Marinika Tepic, que fazia greve de fome desde 18 de dezembro para protestar contra a suposta fraude eleitoral.
"A única coisa que posso dizer a vocês é que tudo já foi dito. Estas eleições devem ser anuladas", disse Tepic à multidão.
Ao término de sua intervenção, Tepic foi levada a um hospital e anunciou o fim de sua greve de fome.
A manifestação foi liderada pelo grupo ProGlas (um jogo de palavras que significa "proclamação" e "pró-voto"), uma iniciativa que começou em novembro por celebridades locais, intelectuais, artistas e professores.
O Partido Progressista Sérvio (SNS), de direita, do presidente Vucic, que está no poder desde 2012, obteve aproximadamente 46% dos votos nas eleições parlamentares de 17 de dezembro, enquanto a principal coalizão opositora obteve 23,5%, segundo os resultados oficiais.
Desde as eleições, os manifestantes têm erguido barricadas esporádicas em Belgrado.
* AFP