Os dois homens presos pela Polícia Federal (PF) por suspeita de envolvimento com o Hezbollah, grupo paramilitar xiita do Líbano, negaram, em audiência de custódia na 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo, participação em planos terroristas.
Os presos são o autônomo Lucas Passos Lima, 35 anos, detido no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, quando voltava do Líbano, e o técnico em plásticos Jean Carlos de Souza, 38, capturado perto de um hotel onde estava hospedado, no centro da capital paulista. As prisões temporárias foram decretadas pela Justiça Federal de Belo Horizonte, como parte da Operação Trapiche.
Morador de Brasília, Lima narrou que viajou ao Líbano porque recebeu uma proposta de "crescimento de negócio". Ele disse que estudou até o oitavo ano e trabalha com regularização de imóveis, corretagem e venda de mercadorias, como café, grãos e até ouro.
Na audiência, ele afirmou não ver sentido na acusação.
— Sair de um lugar, com a idade que eu tenho, para fazer parte de um grupo que está em guerra? — declarou Lima.
O investigado relatou, ainda, ter tido uma prisão anterior, por posse de arma, há sete anos.
O outro preso, Jean Carlos de Souza, mora em Joinville (SC) e afirmou trabalhar com "captação de negócios". Ele disse, na audiência de custódia, que vive uma rotina de viagens e, por isso, já foi parado e revistado inúmeras vezes pelas autoridades.
— Sempre que a Polícia Federal me para, eles têm o intuito de procurar drogas na minha bagagem. Sair de uma acusação de um tráfico, onde você vai esclarecer na hora, e me jogar em terrorismo é algo muito sério — afirmou.
Souza se dispôs a cooperar com a investigação e passou a senha do celular, que foi apreendido.
— Vou ficar 30 dias respondendo por algo absurdo, que não vai dar em nada — completou.
A audiência de custódia serve para analisar se a prisão foi legal e se o preso sofreu algum tipo de violência. As prisões de Lima e Souza foram mantidas.
Investigação
Segundo as primeiras informações divulgadas pela PF, os presos e outros brasileiros investigados planejavam ataques a prédios da comunidade judaica no Brasil. Os investigadores afirmaram, ainda, que sinagogas estavam sendo monitoradas e fotografadas e relataram o recrutamento de pessoas para atuar com grupos terroristas do Oriente Médio.