O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, afirmou nesta quarta-feira (25) que seu país negará vistos a representantes das Nações Unidas em reação às declarações do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. Em reunião na terça-feira (24), Guterres afirmou que o ataque do grupo terrorista Hamas de 7 de outubro "não surge do nada, mas de 56 anos de ocupação". Como reação, Israel pediu a renúncia do dirigente.
Erdan destacou que Israel já começou a adotar esta política e que negou um visto ao subsecretário-geral para Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths.
— É hora de dar uma lição (aos funcionários da ONU) — disse Erdan em entrevista à emissora de rádio do Exército israelense.
Perante o Conselho-Geral da ONU, Guterres disse na terça:
— Os ataques do Hamas não ocorrem no vácuo. O povo palestino foi sujeito a 56 anos de ocupação sufocante.
O secretário-geral das Nações Unidas ainda afirmou que a população palestina viu como "sua terra era devorada sem cessar pelos assentamentos e assolada pela violência".
Para o governo de Israel, porém, Guterres demonstrou parcialidade.
— Senhor secretário-geral, em que mundo você vive? — questionou o chanceler israelense, Eli Cohen.
O embaixador Gilad Erdan afirmou que o "secretário-geral perdeu toda a moralidade e imparcialidade. Quando ele diz que os ataques não ocorreram não vácuo, ele está tolerando o terrorismo".
Os comentários do secretário-geral da ONU também foram criticados por Dani Dayan, presidente do Museu do Holocausto de Jerusalém Yad Vashem, que argumentou que "o massacre de judeus pelo Hamas em 7 de outubro foi genocida nas suas intenções e imensamente brutal na sua forma".
— Parte da razão pela qual difere do Holocausto é porque os judeus hoje têm um Estado e um Exército. Não estamos indefesos ou à mercê de outros — acrescentou o presidente do Yad Vashem.
Depois dos massacres perpetrados pelo grupo terrorista Hamas em Israel há mais de duas semanas — o ataque com maior número de mortes na história do Estado judeu —, o governo israelense comparou suas ações às do Estado Islâmico ou ao genocídio nazista de milhões de judeus. Israel também declarou que as atrocidades cometidas pelo grupo terrorista foram o pior massacre contra judeus desde o Holocausto.