Dois voos de repatriação de brasileiros vindos de Israel chegaram ao Brasil na madrugada desta quarta (11) e quinta-feira (12), trazendo a solo nacional 425 brasileiros que estavam na região durante os conflitos entre Israel e Hamas. Estes fazem parte dos seis voos que serão feitos até domingo, (15), na maior operação de repatriação da história do país, de acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB).
— Somos o primeiro país a realizar esse tipo de operação na região — declarou o comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Marcelo Damasceno, em entrevista coletiva.
Nomeada de "Voltando em Paz", a operação pretende resgatar os cidadãos que vivem em Israel e na Palestina que desejam retornar ao Brasil, bem como aqueles que vivem em países vizinhos, como Jordânia e Egito.
Equipes médicas e psicólogos foram acionados na missão, para prestar assistência aos repatriados. O segundo voo de repatriação partiu de Tel Aviv aproximadamente às 12h30min (horário de Brasília) nesta quarta-feira, com 214 passageiros, incluindo cinco crianças de colo, além de quatro animais de estimação. O pousou às 2h41min, início da madrugada de quinta-feira, na Base Aérea do Galeão.
Confira perguntas e respostas sobre a operação:
Quantos brasileiros devem ser repatriados?
Até o sábado (14) a expectativa do governo brasileiro é repatriar 900 brasileiros. A maioria deles é composta por turistas que visitavam Tel Aviv e Jerusalém quando o ataque ocorreu no último sábado (7).
São estimados 14 mil brasileiros residentes em Israel e 6 mil brasileiros na Palestina. O Itamaraty disponibilizou ao público um formulário online, onde as pessoas poderiam manifestar seu interesse em voltar para o Brasil. Até o momento, 2,7 mil brasileiros se cadastraram no formulário, mas nem todos pretendem retornar neste primeiro momento.
— O formulário foi disponibilizado para os brasileiros que estão na região preencher não apenas por interesse na repatriação, mas também para a embaixada saber onde eles estão e qual sua situação, para poder oferecer algum outro tipo de apoios além da repatriação. Vários não querem partir — explicou o diretor do Departamento Consular do Itamaraty, Aloysio Mares Dia Gomide Filho, acrescentando que há cadastros repetidos.
Qual a ordem de prioridade escolhida pelo governo?
A Embaixada do Brasil em Tel Aviv está organizando a ordem de grupos de brasileiros que deixarão a região. Entre os grupos prioritários para embarque nos voos da FAB, estão pessoas que residem no Brasil (turistas ou viajantes a trabalho, por exemplo), pessoas com deficiência, idosos, grávidas e menores de idade.
Para agilizar o processo, o Ministério das Relações Exteriores está pedindo que aqueles que tiverem passagens aéreas para datas próximas já compradas, ou condições para adquiri-las, embarquem em voos comerciais a partir do aeroporto Ben-Gurion.
Quais aviões estão sendo utilizados pelo governo federal?
O Brasil preparou dois aviões KC-30, cada um com capacidade para 230 passageiros, dois KC-390, que podem transportar até 80 pessoas, e mais dois emprestados pela presidência, que podem transportar até 40 pessoas. A primeira aeronave a sair para missão foi um KC-30 que, além dos passageiros, consegue levar 45 toneladas de cargas e é a maior aeronave da FAB.
Por que o Brasil pediu ajuda para o Egito?
A Faixa de Gaza possui uma fronteira de 12 quilômetros de extensão com o Egito. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está negociando com o governo egípcio para viabilizar a saída de brasileiros de Israel por esta faixa fronteiriça, utilizando ônibus. Segundo o ministro, a intenção inicial das autoridades brasileiras é transportar os brasileiros e, em alguns casos, seus parentes próximos, até Rafah, na fronteira entre Gaza e Egito.
— Creio que esta será a saída para evacuar os brasileiros que se encontram correndo riscos nesta região conflagrada — acrescentou o chanceler brasileiro.
O posto de fronteira em que ocorreria a passagem está atualmente fechado devido à escalada da violência na região durante o conflito.