Desembarcaram no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, no começo da tarde desta quarta-feira (11), quatro gaúchos que estavam em Israel e foram resgatados do país – em conflito com o Hamas – em missão da Força Aérea Brasileira (FAB). O grupo está entre os primeiros brasileiros repatriados, que chegaram ao Brasil durante a madrugada (leia abaixo).
— Planejamos a viagem (a Israel) durante um ano. Somos judeus e brasileiros com muito orgulho e queríamos visitar a terra de nossos antepassados. Durante o passeio, soou o alarme de bombardeios. No momento, pensamos que era algo comum, mas depois, conversando com outras pessoas, percebemos a gravidade do acontecido — relatou um dos gaúchos, Carlos Wengrover, 66 anos.
Wengrover diz que, apesar do alarme, o grupo do qual participava seguiu para Tel Aviv, onde se deparou com a cidade deserta, com o comércio e residências fechados. Ele lembra que, ao chegar ao litoral, presenciou a captura de um terrorista.
Aos poucos, ele compreendeu a gravidade da situação. Wengrover pontua que a apreensão que ele sentia pelas pessoas que estavam nos pontos atingidos pelos bombardeios se tornou mais próxima com a chegada de notícias sobre ataques em Jerusalém e fechamento de aeroportos. Questionado se voltaria a Israel algum dia, o gaúcho não hesitou:
— Sim, claro, já é a quarta vez que eu vou a Israel e com certeza penso em voltar algum dia, mas com muito mais critérios do que fomos dessa vez — diz.
Por volta de 14h, um dos filhos de Carlos Wengrover chegou ao Salgado Filho para encontrar o pai e a mãe, Débora Wengrover, 65, que, até então, não tinham encontrado com os familiares em Porto Alegre.
Momentos de tensão
Élio Andres, 63, outro gaúcho que chegou à Capital nesta tarde, acompanhado da esposa Clara Wengrover Andres, 63, lembra da experiência de avistar foguetes sendo abatidos no céu de Israel.
— Nós vimos uns três, quatro foguetes sendo abatidos pela Defesa Antiaérea de Israel. No primeiro e no segundo nós não notamos o que era, mas logo a seguir a gente percebeu que estavam sendo eliminados foguetes que poderiam se abater sobre Jerusalém — lembra Élio.
O gaúcho recorda os momentos de tensão vividos quando recebeu notícias sobre quedas de foguetes em Tel Aviv, desmoronamento de prédio atingido com mortos e sobre uma idosa de 70 anos que morreu vítima de bombardeio.
— Isso começou a escalar para nós de uma forma que nos deixou muito preocupados. Nós não sabíamos até que ponto ia recrudescer o processo todo — lembra Élio.
Mais de 14 horas de viagem
Antes de chegar à capital gaúcha, o grupo ainda fez conexão no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A companhia aérea Azul tem colocado os passageiros em voos comerciais para levar os resgatados até suas cidades de origem. Foram mais de 14 horas de viagem.
— Nos trataram muito bem, resgataram muitas pessoas. São pessoas muito gentis, muito educadas, é um voo cheio de gente nervosa — comenta Débora Wengrover.
Em nota, a companhia afirmou que "se colocou à disposição do Palácio do Planalto para apoiar na logística de interiorização dos brasileiros que foram resgatados de Israel pela Força Aérea Brasileira (FAB), em virtude do conflito na região".
Retorno ao Brasil
O primeiro avião da FAB com brasileiros repatriados, vindos de Israel, pousou pouco depois das 4h desta quarta-feira em Brasília. A aeronave trouxe 211 passageiros.
Pelo menos outros quatro voos já estão programados pela Força Aérea. O próximo deve pousar às 23h no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.