O Google deve o sucesso do seu motor de busca ao seu desempenho ou a práticas ilegais? Esta é a questão que o sistema judicial dos Estados Unidos tentará resolver a partir de terça-feira (12). É o litígio mais importante que o gigante da Internet enfrenta.
De acordo com o departamento de Justiça norte-americano, a empresa de tecnologia consolidou sua posição dominante na internet por meio de contratos ilegais com empresas como Samsung, Apple e Firefox, para que estas instalem seu motor de busca como padrão em seus smartphones e serviços. Cerca de cem testemunhas devem depor perante um juiz federal durante as 10 semanas de audiências previstas.
"Nosso sucesso é merecido. As pessoas não usam o Google porque não têm outra opção, mas porque querem. É fácil alterar o mecanismo de busca padrão, não estamos mais na era dos modems e dos CDs-ROM", afirmou Kent Walker, diretor jurídico da Alphabet, a empresa-matriz do Google, em um comunicado.
Este é o maior processo antimonopólio apresentado contra uma gigante tecnológica desde que o Departamento de Justiça estadunidense enfrentou a Microsoft há mais de 20 anos pelo domínio do sistema operacional Windows.
Lançado em 1998, o processo do governo dos EUA contra a Microsoft terminou com um acordo em 2001, depois que um tribunal de apelações anulou uma decisão que ordenava a divisão da empresa.
O Google era então "o favorito do Vale do Silício como uma startup em ascensão que oferecia uma maneira inovadora de realizar buscas na internet", afirmou o departamento em sua queixa: "Esse Google desapareceu há muito tempo".
— Em 20 anos, a tecnologia progrediu muito, então o resultado deste caso terá um grande impacto no funcionamento das plataformas tecnológicas no futuro — disse John Lopatka, professor de direito na Faculdade de Direito de Penn State.
A ação se concentrará nos contratos que a gigante tecnológica assinou com fabricantes de dispositivos, operadoras de telefonia móvel (como T-Mobile ou AT&T) e outras empresas. Segundo o governo, tais acordos comerciais deixam poucas oportunidades para concorrentes, como o Bing (Microsoft) e o DuckDuckGo.
O Google, cujo nome se tornou até um verbo para descrever a ação de buscar na internet, controla cerca de 90% deste mercado nos Estados Unidos e em todo o mundo, principalmente em smartphones, incluindo iPhones (Apple) e dispositivos que usam o sistema operacional Android, de propriedade do Google. A empresa californiana, fundada em 1998 por Sergey Brin e Larry Page, alega que a popularidade de seu mecanismo de busca se deve à qualidade de seu serviço.
— Este é um assunto retrógrado, (pois estamos) em uma era de inovação sem precedentes, com avanços em inteligência artificial, novos aplicativos e novos serviços que estão criando mais concorrência e mais opções para o público do que nunca — disse Walker.