O regime militar que surgiu de um golpe de Estado no Níger formou um governo, informa um decreto assinado pelo novo homem forte do país, o general Abdourahamane Tiani, lido na televisão nacional durante a madrugada desta quinta-feira (10).
O governo, anunciado pouco antes de uma reunião de cúpula em Abuja (Nigéria) entre os países vizinhos do Níger na região da África Ocidental, é liderado pelo primeiro-ministro Ali Mahaman Lamine Zeine.
O novo Executivo inclui 20 ministros: os titulares da Defesa e do Interior são generais do Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP) que tomou o poder.
O novo governo marca a consolidação do regime militar que derrubou, em 26 de julho, o presidente eleito Mohamed Bazoum, detido desde então.
A formação do gabinete coincide com uma reunião da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (Cedeao) em Abuja, que pretende tomar "decisões importantes", segundo o bloco regional.
A organização reiterou a preferência pela via diplomática para "restabelecer a ordem constitucional" no Níger, mas não descartou o uso da força.
Os novos líderes de Niamey consideram a Cedeao uma organização sob controle da França, ex-potência colonial.
Na quarta-feira (9), os militares acusaram a Cedeao de ter violado o fechamento do espaço aéreo em vigor desde domingo e de ter "liberado prisioneiros terroristas". As acusações foram rapidamente negadas por Paris.
Níger é o quarto país dentro do bloco regional a registrar um golpe de Estado desde 2020, depois de Guiné, Mali e Burkina Faso.
O país era um dos últimos aliados das potências ocidentais na região do Sahel, desestabilizada pela violência de grupos islamitas presentes na região.