As eleições no Equador terão um segundo turno entre a candidata de esquerda Luisa González, do partido Revolución Ciudadana, e o empresário liberal Daniel Noboa, do movimento Acción Democrática Nacional, a ser disputado em 15 de outubro.
Com 92% da apuração concluída — na manhã desta segunda-feira (21) —, González, aliada do ex-presidente Rafael Correa, liderava a disputa com 33,29% dos votos. Após o avanço na contagem, a candidata adotou um discurso de união entre os equatorianos para tirar o país da crise institucional e de segurança, ante uma eleição marcada pela violência.
— O Equador requer paz, trabalho, segurança, que voltemos a ser livres — declarou.
O adversário, Daniel Noboa, tinha 23,67% . Filho do magnata e ex-candidato Álvaro Noboa, ele destacou que a disputa oferece uma oportunidade para derrotar o "correísmo".
— Não será a primeira vez que um novo projeto político dá uma reviravolta no "establishment" político. Esse frescor em fazer política é o que nos trouxe até aqui — disse.
Recorde
A eleição registrou uma participação recorde de eleitores. Ao todo, 82,26% dos 13,4 milhões de equatorianos aptos a votar foram às urnas.
Os eleitores foram escolher quem assumirá o mandato presidencial no lugar do conservador Guillermo Lasso, assim como os novos representantes da Assembleia Nacional, após esta ter sido dissolvida pelo presidente em maio. A disputa foi marcada por uma profunda crise institucional e de segurança, que atingiu seu ponto mais crítico com o assassinato a tiros do candidato Fernando Villavicencio no último dia 9.
Violência
Sob o decreto de estado de emergência, a votação ocorreu com um forte aparato de segurança em todo o país para garantir a normalidade. Um contingente de 53 mil membros da Polícia Nacional e 45 mil membros das Forças Armadas foi destacado para o pleito.
Os militares foram destacados para fazer a segurança especialmente do candidato Christian Zurita, jornalista que substituiu Villavicencio na disputa presidencial. Zurita apareceu para votar utilizando um colete à prova de balas e um capacete, além de ter sido protegido por uma espécie de lençol blindado, em meio a ameaças de morte recebidas nas redes sociais.
O tema da violência foi prioritário para os equatorianos nestas eleições.
— Estou votando hoje com a fé de que as coisas possam mudar — disse Javier, de 32 anos, que pediu para não ter o sobrenome identificado por medo de represálias.
A presidente do CNE, Diana Atamaint, informou que nenhum episódio de violência foi registrado durante o horário de votação.