Em meio à crise econômica e com uma dose de ceticismo, os argentinos votam neste domingo (13) nas eleições primárias para definir seus candidatos à eleição presidencial de outubro. Até o meio da tarde, 48% dos argentinos foram às urnas.
Os centros de votação abriram às 8h locais (mesmo horário em Brasília) e fecharam às 18h. Os resultados devem começar a ser anunciados a partir das 22h. Chamada de PASO (Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias), a fase é considerada um termômetro para a disputa presidencial de 22 de outubro.
Nas eleições deste ano, os argentinos votam para presidente e vice-presidente do país, além de 24 senadores em uma renovação de um terço do Senado e 130 deputados nacionais para renovação de metade da Câmara dos Deputados.
A votação tem sido marcada por atrasos e problemas nas urnas em Buenos Aires, relata a imprensa da Argentina.A cidade adotou um sistema híbrido com voto eletrônico em nível local. A juíza María Servini, responsável pelo controle das eleições, reportou mau funcionamento em 240 urnas e criticou o que chamou de "imperícia" inédita. Os problemas, no entanto, não interferem na votação para os presidenciáveis, que segue a tradição do voto de papel.
A administração de Buenos Aires minimizou o problema e disse que o mau funcionamento atingiu menos de 1% das urnas. "Apenas 87 urnas habilitadas para votação (menos de 1% do total) registraram problemas no início do dia, que já foram corrigidos", afirma.
A pré-candidata Patricia Bullrich - um dos nomes mais fortes da coalizão de direita Juntos por el Cambio, discorda. "A votação na cidade de Buenos Aires foi um desastre", disse ela a repórteres ao relatar que precisou tentar sete vezes e levou 12 minutos para registrar o voto.
Bullrich enfrenta o prefeito de Buenos Aires Horacio Rodríguez Larreta dentro da coalizão que aparece nas pesquisas com vantagem sobre a esquerda peronista que governa o país. A coalizão Unión por la Pátria, está em segundo lugar enfraquecida pela crise econômica e pela inflação que chegou a 115%. Nesse campo, o grande favorito é o atual ministro da Economia, Sérgio Massa.
Pela extrema direita, o economista Javier Milei ganhou espaço em um cenário de inconformismo com o sistema político e agitou a campanha como uma terceira força na disputa. Mais recentemente, no entanto, as pesquisas mostram que Milei tem perdido força e aparece com cerca de 20% das intenções de voto.
Massa e a economia
O clima para as eleições não poderia ser pior para o governo. Com uma popularidade de menos de 30%, o atual presidente Alberto Fernández desistiu de tentar a reeleição - embora ainda possa, se quiser. Sua vice Cristina Kirchner, que já havia dito em 2022 que não seria candidata em meio a casos de corrupção na Justiça, era considerada como a opção mais competitiva do UP até o último segundo.
Com uma inflação de 115%, ao ano, o dólar blue - câmbio paralelo que mais circula no país - já tendo ultrapassando a barreira dos 500 pesos, e em meio à negociação da dívida com o FMI, a candidatura governista parecia derrapar.
Além disso, havia disputas internas entre vários possíveis pré-candidatos. Mas o peronismo conseguiu dar uma virada no cenário ao se unir em torno de Massa - a ponto de mudar o nome da coalizão de Frente de Todos para União pela Pátria, sugerindo que não havia brigas.
Sendo a economia o grande tema destas eleições, era arriscado lançar o ministro que prometeu conter os preços e não conseguiu. Mas a candidatura de Massa vingou, a ponto de animar o setor financeiro, que o vê como um peronista moderado e com capacidade de conversar com o FMI. Logo após a definição de sua candidatura, as pesquisas eleitorais começaram a mostrá-lo como o candidato com maior número de votos - ainda que sua coalizão fique atrás da oposição.