A liderança de Javier Milei, nas Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (Paso), da Argentina, teve grande destaque nos principais jornais do país vizinho. Com 97,42% dos votos apurados, o economista que se diz anarcocapitalista tem 30,04% dos votos À frente da coalizão de centro-direita Juntos por el Cambio (28,27%) e da coalizão da esquerda que governa o país Unión por la Pátria (27,27%).
Nas palavras do La Nación, o desempenho do deputado ultraliberal provoca um "terremoto" no cenário político local.
O jornal Clarín destaca o fato de que o peronismo, atualmente no governo, teve "uma queda histórica", mas via o resultado da eleição de outubro ainda em aberto, diante de um eleitorado praticamente dividido em três terços iguais.
Mais à esquerda, o jornal Página 12 afirma que o primeiro lugar de Milei foi de fato uma surpresa, mas acrescenta que o quadro é de fato bastante equilibrado. Com isso, não é possível descartar nenhum eventual cenário sobre os que passarão para um provável segundo turno, acrescenta.
Em análise na mesma publicação, Luis Bruschtein se questionava se a liderança de Milei seria "um chamado de atenção ou um voto definitivo".
O Ámbito Financiero, por sua vez, destacava o fato de que, diante do resultado das primárias, a Argentina caminha para formar um Congresso mais fragmentado. Não é renovado todo o Legislativo local a cada eleição. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, estarão em jogo 130 das 257 vagas. Caso se confirmem os resultados das primárias, haveria crescimento evidente do grupo de Milei no Legislativo, mas sem maioria.
Demais candidatos
Em segundo, com 5 milhões de votos, está Sérgio Massa, o todo-poderoso ministro da Economia da Argentina, apoiado pelo presidente do país, Alberto Fernández, e pela vice, Cristina Kirchner.
Apesar do segundo lugar de Massa, a coalizão governista ficou em terceiro lugar no voto por chapas, no pior resultado do peronismo em 12 anos de eleições primárias. Desde que o pleito foi implementado, em 2011, as alianças peronistas sempre acumularam as maiores porcentagens de votos.
A coalizão Juntos por el Cambio, do ex-presidente Mauricio Macri, era apontada como favorita em várias pesquisas, e algumas sondagens recentes apontavam perda de fôlego de Milei, o que não se confirmou nas primárias. Juntos por el Cambio tinha uma disputa interna, e a candidata dessa coalizão agora será Patricia Bullrich, que liderou no domingo em seu grupo e já ocupou vários cargos públicos importantes anteriormente no país, entre eles o de ministra da Segurança, um de seus principais focos na campanha. Patricia Bullrich foi a terceira candidata mais votada, com 4 milhões de votos. Na disputa pela vaga interna do Juntos por el Cambio, a candidata linha-dura garante uma vaga no primeiro turno de outubro, registrando 17% contra 10,7% de Horacio Larreta, prefeito de Buenos Aires.