O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse, nesta quinta-feira (6), que seu país está trabalhando de forma "muito ativa" para formar uma força internacional para auxiliar o Haiti, mas, novamente, evitou qualquer compromisso de liderá-la.
"Existe um consenso sobre a necessidade de algum tipo de força multinacional que apoie o trabalho da polícia para tentar criar um espaço e um clima de maior segurança, para que o trabalho que estamos fazendo para reforçar a polícia e os serviços de segurança no Haiti tenha tempo de se consolidar e o governo possa recuperar o controle do país e não seja dominado, como está em tantas partes, pelas gangues", disse Blinken na Guiana.
Blinken chegou a Georgetown procedente de Trinidad e Tobago, onde participou da cúpula da Comunidade do Caribe (Caricom), da qual o Haiti faz parte.
O secretário de Estado se reuniu ontem, em Port of Spain, com o primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, onde ressaltou que era "imperativo" que a comunidade internacional se unisse em torno deste tema.
O Haiti é o país mais pobre do hemisfério ocidental e não realiza eleições desde 2016, em meio a uma grave crise. Designado primeiro-ministro apenas 48 horas antes do assassinato do último presidente, Jovenel Moise, em julho de 2021, Henry enfrenta questionamentos à sua legitimidade.
Grupos armados controlam hoje boa parte da capital Porto Príncipe.
Henry pediu uma intervenção internacional há quase um ano, uma proposta que tem a aprovação da ONU, mas nenhum país se mostrou disposto a liderá-la. Brasil e Canadá são os países mais envolvidos nas discussões.
"Mantemos conversas muito ativas com países da região e fora dela, também mantemos conversas ativas obviamente com as Nações Unidas, sobre o que poderia ser feito para dar a esta força o 'imprimátur' adequado da comunidade internacional", assinalou Blinken.
"Parte disso implica garantir que os países se comprometam a desempenhar um papel importante nesta força, particularmente identificando um país que desempenharia o papel de líder", sem especificar a função dos Estados Unidos. "Estamos participando ativamente", insistiu.
Blinken garantiu que o Haiti menciona uma "urgência feroz" e destacou que Washington contribuiu com ajuda humanitária e recursos para as forças de segurança. "Embora seja necessário, isso não é suficiente", reconheceu.
A violência não para. Ao menos 264 pessoas acusadas de pertencer a gangues no Haiti morreram pelas mãos de autoproclamados justiceiros desde abril, informou a ONU nesta quinta.
* AFP