A ONU acusou nesta sexta-feira (12) o exército do Mali e combatentes "estrangeiros" de terem executado pelo menos 500 pessoas em março de 2022 durante uma operação antijihadista em Moura, no centro do país, segundo um relatório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos.
O gabinete do Alto Comissariado "tem motivos razoáveis para acreditar" que pelo menos 500 pessoas, incluindo cerca de vinte mulheres e sete crianças, foram "executadas pelas forças armadas do Mali e o pessoal militar estrangeiro (...) depois que a zona foi totalmente controlada" entre 27 e 31 de março de 2022, de acordo com o relatório.
Também há "motivos razoáveis para acreditar que 58 mulheres e meninas foram vítimas de estupro e outras formas de violência sexual", acrescentou.
O relatório, que também se refere a casos de tortura de detentos, foi elaborado com base em uma investigação da divisão de direitos humanos da missão de capacetes azuis implantada desde 2013 no Mali (Minusma).
Esses atos podem constituir "crimes de guerra" e, "dependendo das circunstâncias", "crimes contra a humanidade", disse Volker Turk, alto comissário da ONU para os direitos humanos, em comunicado.
O relatório não identifica explicitamente os "estrangeiros". Mas lembra as declarações oficiais do Mali sobre a participação de "instrutores" russos na luta contra os jihadistas, e as declarações atribuídas ao chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, sobre a presença no Mali do grupo de segurança privado russo Wagner.
A ONU relata depoimentos coletados por seus investigadores, que descrevem esses estrangeiros como homens brancos em roupas camufladas, que falavam uma língua "desconhecida".
* AFP