O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) decidiu elevar a taxa dos Fed Funds em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 4,75% e 5% ao ano, em comunicado pós reunião de política monetária divulgado nesta quarta-feira (22). A decisão da autoridade norte-americana foi unânime.
O Fed ainda elevou taxa de juros paga sobre saldo de reserva para 4,90%, decisão que entra em vigor a partir da quinta-feira, 23, e a taxa de desconto em 0,25 ponto percentual, para 5,0% ao ano.
O Fed disse que os problemas no setor bancário "provavelmente resultarão em condições de crédito mais apertadas para famílias e empresas, e podem pesar sobre a atividade econômica, o emprego e a inflação", de acordo com seu comunicado no final de sua reunião de política monetária iniciada em terça-feira.
"A extensão dos efeitos (da crise bancária) é incerta", acrescentou o banco central.
De qualquer forma, o Fed reafirmou que "o sistema bancário americano é sólido e resiliente".
O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou em entrevista coletiva após a divulgação do comunicado desta quarta-feira, que todo o dinheiro dos poupadores nos Estados Unidos está "seguro".
Powell também enfatizou que o Fed vai tirar "lições" desse episódio e pediu o fortalecimento da supervisão e regulamentação bancária.
Novas previsões, novas "ações"
O Fed atualizou suas projeções econômicas para os Estados Unidos e agora antecipa uma inflação um pouco acima do esperado em dezembro, de 3,6% em 2023 ante 3,5% inicialmente previsto. O banco central continuará a "observar" os preços.
A agência reduziu sua previsão de crescimento do PIB em 2023 para 0,4%, de 0,5%.
Equilíbrio difícil
O Fed realizou a reunião de março em meio a um dilema: continuar elevando a taxa de juros para tentar conter a inflação encarecendo o crédito e, assim, conter o consumo e o investimento, ou pausar para evitar o agravamento das dificuldades de alguns bancos expostos ao aumento das taxas de juros.
O mercado passou da expectativa de forte alta de meio ponto percentual nas taxas após declarações do presidente da agência, para prever taxas estáveis após a eclosão da crise bancária com a falência de três instituições financeiras em menos de uma semana nos Estados Unidos Estados.
A falência dos bancos regionais Silicon Valley Bank (SVB), Signature Bank e Silvergate criou uma onda de preocupação. Governos, bancos centrais e reguladores intervieram com urgência para tentar restaurar a confiança no sistema e evitar o contágio.
Da mesma forma, o banco Credit Suisse, que já estava em dificuldades há anos, foi abalado e foi comprado no último domingo pelo compatriota UBS.
O Fed emprestou cerca de US$ 164 bilhões aos bancos em cerca de dez dias para que todos os clientes que queiram sacar seu dinheiro possam fazê-lo. Além disso, emprestou 142,8 bilhões às duas entidades criadas pelos reguladores norte-americanos para administrar os ativos e recursos do SVB e do Signature Bank.
Esses créditos elevaram seu balanço, que vinha tentando reduzir desde junho passado.
O Fed estava sob pressão, pois a queda desses bancos se deveu em grande parte a aumentos muito rápidos e muito fortes das taxas, que reduziram o valor dos ativos dessas instituições.
Além disso, o Banco Central Europeu na quinta-feira elevou suas taxas em meio ponto percentual, garantindo que a inflação seja sua prioridade número um.
Nos Estados Unidos, a inflação acumulada em 12 meses caiu para 6% em fevereiro, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC).
O dólar perdeu 1% em relação ao euro após os anúncios do Fed.