A Igreja Anglicana debate, nesta quarta-feira (8), uma proposta polêmica que permite que padres abençoem o casamento entre pessoas do mesmo sexo, em meio a um contexto de profundas divisões no Reino Unido e outros países anglicanos.
Após quase seis anos considerando a questão, a Igreja protestante da Inglaterra anunciou, no mês passado, que não permitiria o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
No entanto, propôs um debate sobre o matrimônio homoafetivo, uma sugestão que não satisfez nem os defensores nem os que rechaçam a ideia.
Os quase 500 membros da entidade clériga estão reunidos em Londres para um sínodo que começou na última segunda-feira (6) e tem duração de quatro dias.
Embora a proposta não pretenda mudar a lei na Igreja Anglicana, os membros são convidados a avaliar uma moção de apoio e possíveis emendas.
O debate acontece após anos da crescente pressão política sobre a instituição para reformar sua postura sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, legalizado na Inglaterra em 2013.
Antes do sínodo, a entidade religiosa também pediu desculpas à comunidade LGBTQIA+ pela atitude "hostil e homofóbica" que possa ter enfrentado em algumas paróquias.
Mas a medida gerou críticas dentro da própria instituição.
Jayne Ozanne, membro do sínodo e ativista LGBTQIA+, chamou o pedido de desculpas de "palavras vazias".
— Ouvimos desculpas de nossos bispos por anos, mas nenhuma ação — disse.
Por outro lado, o conservador Conselho Evangélico da Igreja Anglicana se opõe à reforma, considerando que ela criará "mais divisão" dentro da instituição.
— Profundas diferenças — afirmou.
As propostas do bispo de Canterbury, Justin Welby, líder dos anglicanos, foram mal percebidas em algumas igrejas anglicanas no exterior, que costumam defender uma posição mais dura em relação à comunidade LGBTQIA+.
Na segunda-feira, Welby reconheceu as "profundas e apaixonadas diferenças" que existem sobre essas questões:
— Mas não vamos cair na caricatura daqueles com quem discordamos, assim como aqueles que tentam construir suas vidas longe de Deus. Muitas pessoas, sobretudo em relação à sexualidade, já ouviram palavras de rejeição.
Embora a Igreja Anglicana se apresente como mais liberal, não é a única que enfrenta tensões nessa questão.
Na Igreja Católica, o Papa Francisco levantou polêmicas ao adotar uma postura relativamente liberal em relação à homossexualidade, dizendo que aqueles que a criminalizam estão "errados".
No entanto, em 2021, o Vaticano reafirmou sua posição de que a homossexualidade é um "pecado".