Uma das grandes fábricas têxteis do Haiti, país caribenho pobre e dominado por gangues, irá demitir 3,5 mil pessoas, a metade de seus funcionários, segundo uma carta obtida nesta quinta-feira (2) pela AFP.
No documento, datado de terça-feira, a S&H Global, filial haitiana do grupo têxtil sul-coreano Sae-A, justifica os cortes em massa citando o contexto econômico global desfavorável, sobretudo as "as turbulências" que o Haiti enfrenta, que dificultam as exportações.
Segundo a empresa, o controle do terminal petroleiro de Porto Príncipe por gangues a obrigou a determinar um "fechamento temporário de dois meses no fim de 2022, quando a central elétrica local teve que fechar devido à escassez de combustível".
A S&H Global também culpa as múltiplas greves dos serviços alfandegários e os fechamentos inesperados da fronteira com a República Dominicana pela situação.
Incapaz de garantir a exportação da sua produção para os Estados Unidos, a empresa lamenta que os pedidos sejam redirecionados a "outros fornecedores e fábricas confiáveis" no Caribe e na América Central.
A S&H Global iniciou suas atividades no Haiti em 2012 e trabalha para marcas como Gap, Target e Walmart. Em armazéns repletos de máquinas de costura, muitas mulheres encontraram seu primeiro emprego formal, em um país onde metade da população sofre com a insegurança alimentar.
Em 2022, a empresa já havia demitido um grande número de funcionários, diante do enfraquecimento da economia americana.
Segundo leis americanas de 2005 e 2015, empresas têxteis instaladas no Haiti podem exportar mercadorias para os Estados Unidos sem pagar taxas alfandegárias. O salário mínimo no Haiti, de 0,52 euro por hora, foi outro argumento importante para a instalação de fábricas em seu território.
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* AFP