Pelo menos 61 pessoas morreram e 150 ficaram feridas em uma explosão nesta segunda-feira (30) em uma mesquita situada no quartel-general da polícia em Peshawar, no noroeste do Paquistão, que levou autoridades a decretarem alerta máximo em todo o país.
A explosão aconteceu durante a oração da tarde dentro da mesquita no complexo da polícia, que também abriga as sedes de diversas agências de Inteligência.
A cidade de Peshawar fica perto da fronteira com o Afeganistão.
As autoridades paquistanesas decretaram alerta máximo em todo o país após o ataque.
"Há muitos policiais soterrados nos escombros", disse o comandante da polícia de Peshawar, Muhammad Ijaz Khan, que estima que de 300 a 400 agentes costumavam ir às orações na mesquita.
"Estamos nos esforçando para resgatá-los sãos e salvos", acrescentou.
Os socorristas lançaram uma frenética operação de resgate para tentar salvar pessoas que podem estar debaixo dos escombros, depois que uma parede da mesquita e parte do teto ficaram destruídos.
Uma grande operação de resgate está em curso no local, com bombeiros e vários equipamentos para a retirada dos escombros.
No entanto, ao cair da noite, havia pelo menos quatro homens presos, visíveis entre as rachaduras, junto com corpos que ainda não foram removidos.
Por meio de seu porta-voz, o secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o atentado, que qualificou de "repugnante".
"O secretário-geral condenou firmemente a explosão suicida que ocorreu em uma mesquita de Peshawar, no Paquistão, hoje cedo", disse à imprensa o porta-voz, Stéphane Dujarric. "É particularmente repugnante que tal ataque tenha ocorrido em um local de culto", acrescentou.
- "Gritavam pedindo ajuda" -
As autoridades decretaram alerta máximo na capital e em todo o país. Em Islamabad, franco-atiradores protegiam alguns edifícios nos pontos de acesso.
"Os terroristas querem gerar medo nos encarregados de defender o Paquistão", disse o primeiro-ministro Shehbaz Sharif em um comunicado.
"Aqueles que lutam contra o Paquistão serão varridos da face da terra", acrescentou.
De acordo com a polícia, a explosão aconteceu na segunda fila de fiéis que estavam rezando. Equipes de retirada de minas foram enviadas ao local devido ao temor de que a ação tenha sido um atentado suicida.
Shahid Ali, um policial de 47 anos que sobreviveu à explosão, disse à AFP que a detonação aconteceu poucos segundos depois de o imã iniciar a oração. "Vi uma fumaça preta. Corri para me salvar. Ainda escuto os gritos das pessoas. Gritavam pedindo ajuda", disse.
O ataque ocorreu no dia em que estava programada uma visita a Islamabad do presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed ben Zayed Al Nahyan. A viagem foi cancelada na última hora desta segunda-feira - oficialmente por causa das chuvas.
- Uma história de violência -
Em março de 2022, um ataque suicida contra uma mesquita da minoria xiita em Peshawar reivindicado pelo EI-K, braço local do grupo extremista Estado Islâmico, deixou 64 mortos. O atentado foi o mais grave registrado no Paquistão desde 2018.
Peshawar, a 50 quilômetros da fronteira com o Afeganistão, foi cenário de atentados praticamente diários na primeira metade da década de 2010, mas a segurança melhorou nos últimos anos.
Nos últimos meses, no entanto, a cidade registrou muitos ataques, vários deles contra as forças de segurança.
De modo geral, o país vivenciou nos últimos meses um agravamento da situação de segurança, em particular desde que os talibãs retornaram ao poder no Afeganistão em agosto de 2021.
Após vários anos de relativa calma, o braço paquistanês dos talibãs, Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), o EI-K e grupos separatistas baluches voltaram a executar atentados.
O Paquistão critica o Talibã por permitir que estes grupos utilizem seu território para planejar os ataques, algo que as autoridades de Cabul negam.
O Talibã do Paquistão é um movimento separado do que existe no Afeganistão, mas os grupos têm raízes comuns.
O grupo reivindicou vários ataques no último ano, mas uma das maiores atrocidades cometidas pelos talibãs paquistaneses, que marcou a opinião pública do país, foi o massacre de 150 pessoas em uma escola de Peshawar em dezembro de 2014.
* AFP