Elon Musk restabeleceu neste sábado (17) as contas do Twitter de vários jornalistas que haviam sido suspensas depois que o magnata os acusou de "colocar sua família em perigo".
O dono do Twitter foi criticado pelas Nações Unidas, União Europeia e organizações de mídia por suspender as contas de mais de meia dúzia de jornalistas de The New York Times, CNN e The Washington Post.
"As pessoas falaram. As contas que revelaram minha localização agora terão sua suspensão removida", tuitou Musk na sexta-feira (16).
Musk organizou uma votação no Twitter para saber se deveria restabelecer as contas agora ou em uma semana. Quase 59% dos 3,69 milhões de usuários que participaram votaram para fazê-lo imediatamente.
Algumas das contas suspensas, como a do ex-repórter da Vox Aaron Rupar, voltaram a publicar conteúdo neste sábado.
"Fiquei muito chateado por ter sido banido inicialmente, mas rapidamente percebi que ficaria bem porque tenho sorte de ter uma comunidade online incrível", tuitou Rupar, agradecendo pelo apoio.
Mais tarde, na MSNBC, Rupar alertou que suspensões, mesmo temporárias, teriam um "efeito arrepiante na cobertura de Elon Musk" e levariam os jornalistas a pensar duas vezes antes de entrar em conflito com o novo dono da rede social.
As contas de outros jornalistas permaneciam suspensas no início deste sábado, incluindo as de Linette Lopez, do Business Insider, e do ex-apresentador da MSNBC, Keith Olbermann.
A polêmica começou na quarta-feira (14), quando Musk suspendeu a conta @elonjet, que rastreava voos de seu jato particular. Musk justificou a atitude dizendo que um carro em Los Angeles que transportava um de seus filhos foi seguido por "um perseguidor maluco".
Alguns jornalistas relataram o assunto, inclusive com tuítes vinculados à conta @elonjet, que Musk disse ser equivalente a fornecer "as coordenadas que permitiriam um assassinato" dele ou de sua família.
Em um fórum ao vivo no Twitter Spaces na sexta-feira, Musk não forneceu evidências para suas alegações e disse que os jornalistas não receberiam tratamento especial por serem jornalistas.
Mas, quando questionado sobre mais detalhes sobre suas acusações, Musk encerrou a discussão e deixou o fórum, que foi suspenso. O serviço de áudio ao vivo voltou a funcionar na sexta-feira e Musk afirmou que uma falha estava sendo corrigida.
Críticas e controvérsias
As suspensões de Musk atraíram fortes críticas.
O chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk, saudou a decisão de Musk de restabelecer as contas, mas disse que "ainda há sérias preocupações". Ele também pediu a Musk que se comprometa a tomar decisões com base no respeito aos direitos, incluindo a liberdade de expressão, "nada menos".
Anteriormente, o porta-voz do chefe da ONU, António Guterres, afirmou que isso criava um "precedente perigoso em um momento em que jornalistas de todo o mundo enfrentam censura, ameaças físicas e coisas ainda piores".
A UE alertou que o Twitter poderia ser multado pela lei europeia. "As notícias sobre a suspensão arbitrária de jornalistas no Twitter são preocupantes", tuitou a comissária europeia para Transparência, Vera Jourova.
O Twitter está cercado de polêmicas desde que Musk assumiu o controle da rede social no final de outubro, depois de pagar 44 bilhões de dólares por ela. Principalmente pela venda de ações da Tesla, sua bem-sucedida empresa de carros elétricos.
As alegações do bilionário sobre a necessidade de um discurso sem restrições e a instabilidade em torno do Twitter afastaram grandes anunciantes e chamaram a atenção dos órgãos reguladores.
Musk restaurou recentemente a conta do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que havia sido bloqueada devido ao risco de maior incitação à violência após o ataque ao Capitólio em janeiro de 2021. Por outro lado, o bilionário atacou o principal assessor da resposta dos EUA contra a covid-19, Anthony Fauci, alvo da mídia de direita.
Além disso, um expurgo iniciado por Musk no Twitter deixou mais da metade de seus 7.500 funcionários desempregada, e agora muitos deles estão levando o magnata, também chefe da empresa espacial SpaceX, ao tribunal.