As equipes de resgate procuravam sobreviventes nesta terça-feira (22) em meio à devastação provocada por um terremoto na ilha de Java, na Indonésia. Um balanço da administração de Cianjur, a cidade mais atingida, registra 252 mortes, 31 pessoas consideradas desaparecidas e mais de 300 feridas. O balanço anterior indicava 162 mortos.
O epicentro do terremoto de segunda-feira, de 5,6 graus de magnitude e pouca profundidade, foi registrado nas proximidades de Cianjur, na província de Java Ocidental, a mais populosa do país. Enquanto as equipes de resgate recolhiam cadáveres dos edifícios destruídos, o foco era encontrar sobreviventes e chegar às áreas de difícil acesso devido aos bloqueios nas estradas.
Dimas Reviansyah, um socorrista de 34 anos, explicou que as equipes utilizam motosserras e escavadeiras para abrir caminho entre árvores caídas e escombros até os locais onde acreditam que podem encontrar civis.
— Não dormi desde ontem (segunda), mas tenho que continuar porque há vítimas que não foram encontradas — disse.
O presidente indonésio Joko Widodo deve visitar a região nesta terça-feira. O comandante militar da região, Rudy Saladin, afirmou que o número de pessoas presas aos escombros pode ser maior do que o citado nos balanços oficiais. Muitas pessoas foram sepultadas por deslizamentos de terra ou pelo desabamento de suas casas.
— O quarto desabou e minhas pernas ficaram enterradas nos escombros. Tudo aconteceu tão rápido — disse à AFP Aprizal Mulyadi, um estudante de 14 anos.
Ele conseguiu escapar graças à ajuda do amigo Zulfikar, que pouco depois faleceu, preso entre os escombros.
— Fiquei arrasado ao vê-lo preso, mas não consegui ajudá-lo porque minhas pernas e costas estavam feridas — explicou.
"Não restou nada"
A operação de resgate é prejudicada por bloqueios nas estradas e cortes de energia elétrica em algumas áreas desta zona rural e montanhosa. Na manhã desta terça-feira, quase 90% da rede elétrica de Cianjur havia sido restabelecida, segundo a agência estatal Antara.
O governador de Java Ocidental, Ridwan Kamil, afirmou que 300 pessoas ficaram feridas e mais de 13 mil foram levadas para abrigos. Muitos acamparam ao ar livre na escuridão quase total, cercadas por escombros, vidros quebrados e grandes pedaços de concreto.
Os médicos atendem os feridos em hospitais de campanha que foram improvisados após o terremoto, que também foi sentido na capital Jacarta. Pessoas de luto aguardavam que as autoridades entregassem os corpos de seus familiares para os enterros de acordo com os ritos islâmicos.
Em um abrigo na localidade de Ciherang, perto de Cianjur, as pessoas tentavam entender a tragédia. Nunung, uma mulher de 37 anos que como muitos indonésios tem apenas um nome, conseguiu retirar o filho de 12 anos dos escombros de sua casa.
— Gritei e pedi ajuda, mas ninguém veio. Tive que cavar para nos libertar — disse à AFP, com o rosto ainda coberto de sangue seco.
— Não restou nada. Não há nada que possa ser salvo, exceto as roupas que estamos vestindo — afirmou.
A destruição foi agravada por uma onda de 62 tremores secundários, com magnitudes de 1,8 a 4 graus, na cidade de 175 mil habitantes. A Indonésia registra com frequência terremotos por estar localizada na região conhecida como "círculo de fogo" do Pacífico, ponto de encontro de placas tectônicas.
O país continua marcado pelo terremoto de 26 de dezembro de 2004, de 9,1 graus de magnitude, na costa de Sumatra. O tremor desencadeou um tsunami devastador que matou 220 mil pessoas na região, incluindo 170 mil na Indonésia, uma das maiores catástrofes naturais registradas na história.