Duas pessoas morreram nesta terça-feira (15) durante um suposto bombardeio russo em Przewodów, no leste da Polônia, próximo à fronteira com a Ucrânia. A informação foi confirmada pelo corpo de bombeiros local, de acordo com a agência Reuters. A Polônia é país-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que inclui potências como Estados Unidos, França e Reino Unido. A Rússia nega autoria do ataque.
Segundo a agência Associated Press, um alto funcionário da inteligência norte-americana, que não teve o nome revelado, afirma que a explosão foi causada por mísseis russos em um dia de intensos bombardeios ao solo ucraniano. O Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, declarou que está investigando as informações relatadas pela mídia.
— Estamos cientes de relatos da imprensa de que dois mísseis russos atingiram o interior da Polônia ou a fronteira com a Ucrânia. Neste momento, não temos informações corroborantes de que houve um ataque com mísseis. Estamos investigando mais — pontuou o porta-voz do Pentágono, Pat Ryder.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia postou, nas redes sociais, que as forças russas não realizaram nenhum ataque na área. Na postagem, a instituição acusa a "mídia de massa" e as autoridades polonesas de "provocarem deliberadamente a fim de agravar a situação da guerra".
A informação sobre os mísseis não foi confirmada imediatamente pelo porta-voz do governo polonês, Piotr Mueller. Ele afirmou, porém, que o governo estava realizando uma reunião de emergência por conta de uma "situação de crise".
"O primeiro-ministro Mateusz Morawiecki convocou com urgência a Comissão do Conselho de Ministros para os assuntos de Segurança e Defesa Nacional", declarou Mueller em uma rede social.
As duas vítimas eram de Przewodów, uma área rural polonesa próximo à fronteira com a Ucrânia.
— Os bombeiros estão no local, não está claro o que aconteceu — disse Lukasz Kucy, um oficial no posto dos bombeiros da região.
A Rússia voltou a atacar Kiev e outras grandes cidades da Ucrânia nesta terça-feira, no mesmo dia em que líderes do G20 pediram em conjunto que os bombardeios fossem interrompidos.
Horas antes do novo ataque, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky discursou durante a cúpula do G20. Em seu pronunciamento, ele afirmou que este é um bom momento para o fim da guerra em seu país.
— Estou convencido que agora é o momento em que a guerra pode e deve ser interrompida — afirmou ele por vídeo em reunião com os países mais ricos do mundo.
Preocupação
Os mísseis lançados pelos russos nesta terça-feira aumentaram a preocupação entre os países do G20 sobre o impacto da guerra no mundo, disse o governo estadunidense.
— Os Estados Unidos condenam veementemente os últimos ataques de mísseis da Rússia contra a Ucrânia, que parecem ter atingido edifícios residenciais em Kiev e outros locais em todo o país — declarou o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.
Enquanto o G20 se reúne em Bali, na Indonésia, para discutir as repercussões globais da guerra, o funcionário estimou que os russos estão mais uma vez tentando destruir uma infraestrutura fundamental da Ucrânia.
— Esses ataques russos servirão apenas para aprofundar a preocupação do G20 sobre o impacto desestabilizador da guerra de (presidente russo, Vladimir) Putin — acrescentou Sullivan.
O ataque com — segundo a Ucrânia — cerca de cem mísseis contra infraestruturas elétricas causou cortes de energia e foi lançado ao mesmo tempo em que os líderes do G20 discutiam o impacto da guerra na economia global.
Apagões na Moldávia
Os bombardeios russos contra infraestruturas energéticas na Ucrânia provocaram apagões na vizinha Moldávia, denunciaram as autoridades deste país, apelando à Rússia para que cesse os ataques.
"Partes da Moldávia estão sofrendo apagões como consequência dos disparos de mísseis russos contra cidades e estruturas vitais da Ucrânia. Cada bomba que cai sobre a Ucrânia afeta a Moldávia e seu povo. Pedimos à Rússia que acabe com essa destruição agora", publicou o ministro das Relações Exteriores da Moldávia, Nicu Popescu, no Twitter.
Segundo as autoridades, o país sofreu cortes de energia na maioria das suas regiões e na capital, Chisinau.
O ministro das Infraestruturas e Desenvolvimento Regional da Moldávia, Andrei Spinu, especificou no Telegram que os cortes foram causados pelo "desligamento automático de uma linha de transmissão elétrica (...) por motivos de segurança".
Segundo Spinu, a energia foi restabelecida "quase totalmente" em duas horas, mas ele alertou que os riscos de falta de energia continuam elevados.
"Qualquer bombardeio russo de usinas ucranianas pode levar à mesma situação de hoje. Peço que economizem eletricidade e sejam solidários", solicitou.
Outras mortes
Duas pessoas foram mortas nesta terça-feira em um bombardeio atribuído à Ucrânia na região fronteiriça russa de Belgorod, disse o governador regional Vyacheslav Gladkov. Os ataques, dirigidos contra a cidade de Shebekino, deixaram "dois mortos e três feridos", afirmou.
A Rússia denuncia, desde meados de outubro, um "aumento considerável" dos bombardeios ucranianos contra regiões fronteiriças russas como Belgorod, Kursk e Briansk.