A Rússia disse nesta terça-feira (11) que lançou novos bombardeios "maciços" na Ucrânia, horas antes de uma reunião de emergência das potências do G7 para discutir a recente campanha de ataques da Rússia, que provocou indignação da comunidade internacional.
Autoridades da região de Lviv, no oeste da Ucrânia, disseram que pelo menos três mísseis russos atingiram a infraestrutura de energia, e o prefeito da capital regional de mesmo nome afirmou que cerca de um terço da cidade ficou sem energia. O Ministério da Defesa russo confirmou os ataques, explicando que usou armas de longo alcance de alta precisão e que "todos os objetivos foram atingidos".
No dia anterior, a Rússia realizou uma onda de ataques na Ucrânia, também em Kiev, que não era bombardeada desde o final de junho. Segundo a ONU, esses bombardeios "poderiam ter violado" a lei da guerra.
As forças russas lançaram mais de 80 mísseis em cidades ucranianas na segunda-feira (10), de acordo com Kiev. O presidente russo, Vladimir Putin, indicou que esses bombardeios "maciços" constituíram uma resposta ao ataque "terrorista" à ponte que liga o território russo à Crimeia (sul) e que, segundo o presidente, foi cometido por forças ucranianas.
Nesta terça-feira, os serviços de emergência ucranianos informaram que pelo menos 19 pessoas foram mortas e 105 ficaram feridas nos bombardeios.
O presidente ucraniano Volodimir Zelensky alertou Moscou que seu país "não pode ser intimidado" e seu ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, disse que os ataques mostram que a Rússia está "desesperada" após uma série de reveses militares. Putin alertou que se houver novos ataques, as respostas serão "severas".
"Paz justa"
Nesta terça-feira, o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, pediu que Rússia e Ucrânia estabeleçam um "cessar-fogo o mais rápido possível". Em entrevista transmitida na televisão, Cavusoglu também pediu uma "paz justa" baseada na integridade territorial da Ucrânia.
Em uma sessão da Assembleia Geral da ONU na segunda-feira para discutir a anexação de quatro regiões parcialmente ocupadas pela Rússia, o embaixador ucraniano Sergiy Kyslytsya chamou a Rússia de "Estado terrorista" e disse que sua própria família foi atacada na segunda-feira.
— Infelizmente, é difícil pedir uma paz estável e saudável quando há uma ditadura instável e insana em seu bairro — declarou o diplomata.
Logo após a onda de bombardeios, o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, um dos poucos aliados do Kremlin, acusou Kiev de preparar um ataque ao seu país, acrescentando que a Rússia e Belarus, portanto, mobilizariam uma força conjunta, sem especificar onde.
Mas nesta terça-feira, seu ministro da Defesa, Viktor Khrenin, esclareceu que o papel dessas tropas será "puramente defensivo".
"Determinação para ajudar"
Zelensky participará da reunião de terça-feira do G7 para discutir os ataques russos. O gabinete da primeira-ministra britânica, Liz Truss, indicou que a líder vai insistir em "pedir aos seus pares que mantenham o rumo".
Por sua vez, o porta-voz do governo alemão, Steff Hebestreit, declarou na segunda-feira que o chefe de governo Olof Scholz conversou com Zelensky e garantiu "a solidariedade da Alemanha e dos demais países do G7".
Enquanto isso, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, condenou duramente os ataques de segunda-feira, dizendo que eles "demonstram a brutalidade" da "guerra ilegal" de Putin. A Casa Branca disse que Biden conversou com Zelensky para lhe oferecer um "sistema avançado de defesa aérea". Para o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, os ataques são uma "escalada inaceitável da guerra".
"Proteger nossos irmãos"
O representante russo na ONU não se referiu diretamente aos ataques com mísseis, mas defendeu a anexação das regiões ucranianas e garantiu que o objetivo é "proteger nossos irmãos e irmãs no leste da Ucrânia".
Putin deve se reunir com o diretor da Organização Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, nesta terça-feira, em São Petersburgo para discutir a gestão da usina nuclear ucraniana de Zaporizhia, controlada pelas forças russas.
Na quinta-feira, o presidente russo se encontrará com seu colega turco Recep Tayyip Erdogan na capital do Cazaquistão, Astana, disse uma autoridade turca à AFP.
A invasão russa da Ucrânia levou as potências ocidentais a emitir uma enxurrada de sanções econômicas contra Moscou, levando muitas empresas a se retirarem da Rússia.
Nesta terça-feira, a montadora japonesa Nissan anunciou que vendeu todos os seus ativos na Rússia para o Estado russo, um acordo que inclui uma fábrica da Nissan em São Petersburgo, paralisada desde março, e um centro de vendas e marketing em Moscou.