O presidente russo Vladimir Putin assinou nesta sexta-feira (30) a anexação de quatro regiões da Ucrânia à Rússia em uma cerimônia no Kremlin na presença dos líderes pró-russos desses territórios, controlados total ou parcialmente por Moscou.
Os quatro líderes e Putin assinaram os documentos de anexação diante de um público composto por membros do governo, deputados, senadores e outros membros da elite política, antes de se darem as mãos e gritarem "Rússia!", junto com os demais presentes.
— Os habitantes de Luhansk e Donetsk, Kherson e Zaporizhia se tornam nossos cidadãos para sempre — disse Putin. — As pessoas votaram pelo nosso futuro comum.
A Ucrânia, as potências ocidentais e as organizações internacionais não reconheceram os referendos, organizados depois que a Rússia conquistou esses territórios à força.
Em seu discurso antes da assinatura de anexação, Putin exortou a Ucrânia a cessar as hostilidades.
— Instamos o regime de Kiev que cesse imediatamente os disparos, todas as hostilidades e volte à mesa de negociações — afirmou.
Putin, que completa 70 anos na próxima semana, enviou tropas para a Ucrânia em fevereiro. Na semana passada, o mandatário russo anunciou uma mobilização parcial para reforçar as tropas que combatem na Ucrânia e que sofreram grandes perdas nos últimos meses.
Líderes europeus rejeitam referendos
Os líderes dos 27 países da União Europeia (UE) rejeitaram e condenaram "de forma inequívoca" a "anexação ilegal" das quatro regiões ucranianas pela Rússia, que consideram uma "violação flagrante" dos direitos da Ucrânia.
Em um comunicado divulgado pelo Conselho Europeu, os líderes da região afirmam: "Não reconhecemos e nunca reconheceremos os referendos ilegais que a Rússia criou como pretexto para esta nova violação da independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia".
Também fizeram um "apelo a todos os Estados e organizações internacionais para que rejeitem de maneira inequívoca esta anexação ilegal".
De acordo com os líderes europeus, a Ucrânia exerce seu direito legítimo de defesa da agressão russa para recuperar o controle total de seu território e tem o direito de libertar os territórios ocupados dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas.
A Rússia advertiu que, com a anexação, as quatro regiões passarão a fazer parte do território russo e, portanto, o país se reserva o direito de usar todos os recursos disponíveis para defendê-las, em uma clara referência às armas nucleares.
Em seu comunicado, no entanto, os líderes europeus garantem que "as ameaças nucleares formuladas pelo Kremlin (...) não quebrarão nossa determinação" de apoiar a Ucrânia.