O adeus definitivo a Elizabeth II se aproxima e Londres recebe neste domingo (18) chefes de Estado e de governo de todo o mundo para acompanhar seu funeral, no último dia completo para que os britânicos possam prestar suas homenagens diante do caixão da monarca. De acordo com os cálculos do governo, os cidadãos devem enfrentar uma fila de mais de 13 horas para chegar ao Westminster Hall.
O impacto e o simbolismo da monarca mais longeva da história do país, com um reinado de sete décadas, ficam evidentes com a lista de participantes no funeral, um evento que Londres não registra desde a morte de Winston Churchill, em 1965, o primeiro-ministro que liderou o país durante a Segunda Guerra Mundial.
Sua nora, a rainha consorte Camilla, destacou que Elizabeth II foi uma "mulher só" em um mundo de homens, em uma mensagem que transmitirá à nação pouco antes do minuto de silêncio que será respeitado às 20h (16h de Brasília), que teve um trecho divulgado de maneira antecipada.
"Não havia mulheres primeiras-ministras nem presidentes. Ela era a única, sendo assim, penso que forjou seu próprio papel", afirma a esposa do rei Charles III, que nunca esquecerá, segundo suas palavras, os "maravilhosos olhos azuis" da rainha, que morreu aos 96 anos.
Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, França, Emmanuel Macron, Brasil, Jair Bolsonaro, assim como os monarcas de Espanha, Suécia, Noruega, Luxemburgo, Mônaco, Bélgica e Holanda, além do imperador japonês Naruhito, acompanharão o funeral de Estado na Abadia de Westminster.
Alguns já estão na capital britânica, como Biden, que desembarcou no sábado (17) à noite com a esposa Jill, e o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, que se reuniu ontem com o rei Charles III e outros representantes da Commonwealth.
A quantidade de líderes mundiais e o funeral de modo geral representam um desafio de segurança "maior que os Jogos Olímpicos de 2012", disse o vice-comissário da Scotland Yard, Stuart Cundy.
Os governantes devem comparecer durante a tarde a uma recepção oferecida por Charles III no Palácio de Buckingham. O evento deve incluir o encontro do rei Felipe VI da Espanha e seu pai, Juan Carlos I, o que não acontece desde que este último se mudou para os Emirados Árabes Unidos, em 2020, após a divulgação de que sua fortuna estava sob investigação.
Cortejo acompanhado por 1 milhão de pessoas
O funeral de segunda-feira (19) começará com o transporte do caixão da rainha, que está no Parlamento britânico, para a Abadia de Westminster.
Às 11h (7h de Brasília), começará a cerimônia fúnebre, oficiada pelo deão de Westminster, David Hoyle, e com um sermão de Justin Welby, líder espiritual da Igreja Anglicana, da qual o monarca da Inglaterra é o chefe desde o rompimento de Henrique VIII com Roma, no século 16.
Após a cerimônia, o caixão de Elizabeth II será levado em uma montaria, com a participação de militares, pelas ruas de Londres até o Wellington Arch, em Hyde Park Corner, em um cortejo que deve ser observado por 1 milhão de pessoas.
A partir desse ponto será transportado de carro até o o Castelo de Windsor, a 30 quilômetros de distância, onde ocorrerá uma nova cerimônia fúnebre, apenas para a família, e o enterro.
Desde sábado, 48 horas antes do cortejo fúnebre, muitas pessoas já estavam posicionadas nas ruas do trajeto.
— A noite foi fria, mas vale a pena — disse Carole Budd, uma professora de 65 anos que está perto de Westminster.
— Assisti ao funeral de Lady Di quando era adolescente, diante da Abadia de Westminster, e o ambiente era incrível — recordou Magdalena Staples, 38, acampada na Praça do Parlamento, ao citar a despedida da primeira esposa de Charles III.
A Abadia de Westminster tem capacidade para 2,2 mil pessoas. Do lado britânico estarão presentes a família real, a primeira-ministra Liz Truss, ex-primeiros-ministros e outras personalidades.
Também estarão na igreja quase 200 pessoas condecoradas pela rainha em junho deste ano, incluindo profissionais da saúde que participaram na resposta à pandemia de covid-19.