Com uma aparição inesperada, o rei Charles III e o príncipe herdeiro William agradeceram neste sábado (17) às pessoas que enfrentam horas em uma fila de vários quilômetros para a despedida final de Elizabeth II, antes do funeral na segunda-feira (19).
"God save the King" (Deus salve o Rei) e "God bless the Prince of Wales" (Deus abençoe o príncipe de Gales) gritaram os súditos no centro de Londres, enquanto apertavam as mãos e conversavam por alguns minutos com as novas faces de uma monarquia que perdeu sua rainha longeva.
— Muito obrigado — respondeu William às pessoas que aguardam por horas antes de prestar homenagem diante do caixão da rainha em Westminster Hall.
O edifício quase milenar, com teto de vigas de madeira, o mais antigo do complexo do Parlamento britânico, recebeu o caixão da monarca na quarta-feira e deve ser visitado por 750 mil pessoas.
— Foi muito emocionante. Era como a avó da nação. Vamos sentir muita falta — disse à AFP Shaun Mayo, um técnico de computação de 27 anos que enfrentou uma fila de 14 horas.
Na sexta-feira, o ex-jogador de futebol David Beckham também aguardou sua oportunidade para homenagear o que chamou de "incrível legado" da única rainha conhecida pela maioria dos britânicos até sua morte, em 8 de setembro, aos 96 anos, após sete décadas de reinado.
14 horas de espera
Embora no início da manhã as autoridades tenham alertado que a fila de espera era de 24 horas, ao meio-dia a demora na fila caiu para 14 horas. Nos últimos dias, os serviços de ambulâncias de Londres atenderam mais de 430 pessoas na fila de vários quilômetros ao longo do Tâmisa, a maioria por casos de desmaio.
A despedida acontece em um ambiente de recolhimento, solenidade e disciplina. Na sexta-feira à noite, no entanto, um homem foi preso ao sair da fila e tentar se aproximar do caixão, informaram as autoridades.
No mesmo dia, os britânicos registraram outro momento solene: o novo rei Charles III, 73 anos, e seus três irmãos Anne (72), Andrew (62) e Edward (58), ficaram próximos ao corpo de sua mãe por 15 minutos para a "Vigília dos Príncipes".
Na tarde deste sábado será a vez dos oito netos da rainha, incluindo o príncipe herdeiro e seu irmão Harry, que na semana passada apareceram em público ao lado de suas esposas, Catherine e Meghan.
O momento, que segundo a imprensa britânica foi possível após 45 minutos de "longas negociações", pretendia mostrar uma aproximação entre os filhos de Charles III e Diana depois que Harry e Meghan decidiram abandonar em 2020 a família real e mudar para a Califórnia.
"Funeral do século"
As autoridades britânicas se preparam para receber na segunda-feira (19) o primeiro funeral de Estado desde o do ex-primeiro-ministro Winston Churchill, em 1965, com a presença de dezenas de líderes mundiais.
— Posso confirmar que será o maior evento que a polícia londrina terá que administrar, maior que os Jogos Olímpicos de 2012 — declarou o vice-comandante Stuart Cundy.
O "funeral do século" começará na segunda-feira às 10h GMT (7h de Brasília) na Abadia de Westminster, diante de 2 mil convidados. Analistas calculam que será assistido por 4,1 bilhões de pessoas no mundo, graças à televisão e às redes sociais.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmou presença, assim como o brasileiro Jair Bolsonaro e o rei da Espanha, Felipe VI. O vice-presidente chinês, Wang Qishan, representará seu país. A China foi convidada ao funeral, ao contrário da Rússia, devido à guerra na Ucrânia, e um reduzido número de países, como Venezuela e Mianmar.
Alguns chefes de Governo já chegaram a Londres. A primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, prestou homenagem na sexta-feira diante do caixão de Elizabeth II. Neste sábado, representantes de vários países da Commonwealth devem prestar homenagem e se reunir com Charles III.
Após o funeral, o caixão será transportado pela capital britânica até o Arco de Wellington, no Hyde Park Corner. No local, será colocado em um carro fúnebre para a última viagem até o Castelo de Windsor.
Uma última cerimônia privada, com a presença apenas dos integrantes mais próximos da família real, será celebrada e a rainha será sepultada às 19h30 (15h30 de Brasília).
O corpo da monarca mais longeva do Reino Unido permanecerá, ao lado de seu marido, na capela do rei George VI, onde estão os caixões de seu pai e sua mãe, assim como as cinzas de sua irmã Margaret.