O carro que leva o caixão da rainha Elizabeth II dobrou a esquina e entrou na Royal Mile, em Ediburgo, exatamente às 16h13min (hora local). A avenida histórica testemunhou mais um dia que não será esquecido.
Milhares se aglomeraram em pequenos espaços pelas calçadas. Com a barreira de isolamento para a passagem dos carros do cortejo, sobrou pouco espaço para as pessoas.
Os escoceses chegaram cedo. Ficar na beira da grade era a maneira mais genuína de agradecer a rainha. Isso é o que pensa a professora aposentada Joe Macloud, que saiu de casa em Glasgow, a cidade mais populosa da Escócia, e foi até Edimburgo ainda na madrugada.
— É muito triste. Ela era uma mulher incrível, incrível — disse, chorando muito.
No alto dos prédios históricos, há muitos atiradores de elite. No chão, centenas de policiais. Há segurança reforçada por todos os cantos.
O cortejo durou poucos minutos. O primeiro carro levava o caixão. Enquanto passava, os súditos fizeram silêncio. Só depois que os carros desapareceram no horizonte os aplausos ganharam força. Foi muito emocionante.
Os monarquistas declarados foram os que mais choraram. Nesse grupo, estão muitos idosos. Eles adoram tudo que envolve a família real. Em cidades menores, o número de pessoas apaixonadas pela nobreza é ainda maior. Embora seja a capital da Escócia, Edimburgo tem menos de 500 mil moradores. É menor do que a população de Caxias do Sul, segunda maior cidade do Rio Grande do Sul.
Ouvi de outra escocesa o seguinte:
— Eu me inspirava na rainha, sou um pouco mais nova e sempre quis ser como ela. Elizabeth é incomparável. Estou arrasada — disse Sue Loren, 73 anos, que completou:
— Não haverá outra igual a ela.
Esse foi o momento final do cortejo que percorreu 280 quilômetros entre o castelo de Balmoral e Edimburgo. Foram mais de seis horas passando por vários vilarejos e cidades.
O que eu vi aqui foi algo que não tem como esquecer, mesmo que tenha durado poucos segundos diante dos meus olhos. Ver o caixão de tão perto é a materialização do fim do reinado de Elizabeth II.
O corpo agora está no palácio de Holyroodhouse, onde vai permanecer até segunda-feira (12), quando será levado para a catedral de St. Giles, também em Edimburgo. Na terça-feira (13), chegará a Londres.