Uma longa fila de súditos se formou em Londres nesta sexta-feira (9). Eles vieram trazer flores para a rainha Elizabeth II. Fiquei mais de uma hora entre muitos ingleses, alguns franceses, portugueses, uma porção de alemães e até muitos orientais. Mas foi difícil achar brasileiros.
Porém, dizem por aqui, a rainha era amada por todos os cantos. Teria que existir algum brasileiro no meio de tanta gente. Caminhando no entorno do Palácio de Buckingham, vi um rosto conhecido. Era de uma ex-colega de faculdade radicada em Londres. Nas mãos ela trazia um lindo buquê, dedicado à rainha. Usou a hora de almoço no trabalho para prestar a homenagem. Nascida em Farroupilha, na Serra gaúcha, Cristina Ramirez trabalha com relações públicas e mora há quatro anos na capital inglesa.
— Quando vim morar aqui, era um sonho, e a rainha faz parte dessa história — comentou Crtistina.
Desde essa quinta-feira, quando a morte de Elizabeth foi anunciada, ela não para de receber mensagens do Rio Grande do Sul.
— Desde o meio-dia de ontem, foram dezenas de mensagens no WhatsApp de amigas e também da minha família. A minha cunhada, que é professora de História, mandou várias — contou.
Não é preciso vir ao palácio para sentir a perda da rainha. Por qualquer canto o luto é perceptível. A guia de turismo Monica O'May, natural de Porto Alegre e residente de Londres, fez um passeio pelo Tâmisa com turistas cariocas e a morte de Elizabeth II, obviamente, foi assunto.
— Quando isso acontece (a morte da rainha) ficamos mais chocados. Elizabeth representava uma estabilidade num mundo tão caótico como o de hoje. Ela vai deixar saudades — afirmou.
Passei boa parte do dia em frente ao palácio. O momento mais marcante foi a chegada do novo rei, Charles III. No início, ele não empolgou muito o público. Mas arrancou aplausos quando desceu do carro e cumprimentou quem estava em frente aos portões.
Os britânicos se despediram da rainha Elizabeth II, enquanto o rei Charles enfatizou que a mãe foi inspiração e exemplo. O pronunciamento, gravado, foi exibido pela televisão e não provocou reações do lado de fora do palácio. Eu acompanhei pelo celular, mas não achei impactante nada do que ele disse. Esperava ao menos um aceno de alguma janela, o que não aconteceu.
Por volta das 16h (no horário local) choveu forte. A frente do palácio estava lotada. Em dois segundos, assim que a chuva começou, o mar de gente se transformou num mar de guarda-chuvas.
Por alguns minutos, embaixo do meu guarda-chuva, olhei pro horizonte repleto de gente, como vocês podem ver na foto acima, e pensei: "Como vai ser quando o corpo da rainha chegar a Buckingham?"