Os líderes dos Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido pediram neste domingo (21) uma "contenção" militar em torno da usina nuclear ucraniana de Zaporizhia — a maior da Europa e atualmente ocupada pela Rússia.
Os presidentes Joe Biden e Emmanuel Macron, o chanceler Olaf Scholz e o primeiro-ministro Boris Johnson pediram, em uma conversa telefônica entre eles, o envio rápido de uma missão de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ao local, segundo uma declaração conjunta.
O aumento dos combates ao redor da usina nuclear no sul da Ucrânia levantou o espectro de uma catástrofe nuclear pior que Chernobyl. Ambos os países beligerantes acusam-se mutuamente pela responsabilidade dos ataques.
Na sexta-feira (19), a Presidência francesa afirmou que o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, havia aceitado que os inspetores da AIEA visitassem a fábrica.
Durante as conversas por telefone neste domingo, os quatro líderes ocidentais também "concordaram que o apoio à Ucrânia será mantido, em defesa contra a agressão russa".
A central nuclear de Zaporizhia foi tomada pela Rússia em março deste ano, após um ataque que provocou um incêndio sem consequências para os níveis de radioatividade, mas que paralisou o mundo diante do temor de uma nova catástrofe atômica.
Conheça a central nuclear
A central nuclear de Zaporizhia fica no sul da Ucrânia, às margens do Rio Dnieper, a 525 quilômetros de Chernobyl. É a maior central nuclear da Europa, com uma capacidade total de quase 6 mil megawatts, suficiente para abastecer 4 milhões de residências. Em um período normal, a usina produzia 20% da energia elétrica do país e quase metade de sua energia nuclear.
A construção do primeiro reator começou em 1979, e o último entrou em operação em 1995. O local tem seis reatores VVER-1000 de concepção soviética que têm duração de entre 40 e 60 anos.
A radiação natural no local é atualmente de 0,1 microsievert por hora, de acordo com o operador da usina, um nível inferior à média mundial e muito inferior ao de um voo de avião ou de uma radiografia. Durante a catástrofe de Chernobyl em 1986, o nível de radioatividade atingiu 300 sieverts por hora, milhões de vezes mais.
Após a anexação da Crimeia por Moscou e da guerra com separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia em 2014, Kiev desenvolveu protocolos de segurança para a proteção física das instalações nucleares do país, que tem 15 reatores em quatro usinas.
As melhorias envolveram inspeções regulares, avaliação de sua vulnerabilidade e a implementação de sistemas automatizados de controle de dados. O país também reforçou a defesa aérea sobre Zaporizhia.