A polícia do Texas está sendo acusada de ter demorado para intervir no ataque à escola fundamental de Uvalde, onde um adolescente matou 19 crianças e duas professoras na última terça-feira (24). A ação foi considerada o massacre mais letal em escola em uma década nos Estados Unidos.
Segundo vídeos e testemunhos, os pais aguardavam para que a polícia agisse, enquanto um estudante do ensino médio de 18 anos, identificado como Salvador Ramos, disparava tiros em uma sala de aula.
Diante da enxurrada de perguntas sobre a ação da polícia, Victor Escalón, do Departamento de Segurança Pública do Texas (DPS), disse durante coletiva de imprensa que os investigadores ainda trabalhavam para reconstituir o que ocorreu exatamente.
Escalón disse que, depois de atirar na própria avó, Ramos bateu o carro perto da escola, atirou nos pedestres e em seguida entrou no centro de ensino por uma porta que aparentemente não estava trancada.
A polícia entrou minutos depois, mas recuou por causa dos tiros e pediu reforços. Uma equipe tática com agentes da Patrulha Fronteiriça dos Estados Unidos entrou e matou o atirador "aproximadamente uma hora depois", declarou o chefe de polícia.
Enquanto isso, policiais retiraram professores e alunos e tentaram, sem sucesso, negociar com o atirador, que os deteve com disparos de um rifle. Escalón também refutou relatos anteriores de que o atirador teria sido confrontado por um funcionário escolar e disse que não havia nenhum agente armado no local quando o ataque começou.
Um vídeo publicado nas redes sociais mostra os pais instando a polícia a entrar na instituição. Nas imagens, também é possível ver um agente empurrando violentamente uma das pessoas para fora do local.
Daniel Myers, pastor de 72 anos, contou à AFP ter chegado com sua esposa, Matilda, em frente à escola 30 minutos depois de Ramos entrar. Os pais "estavam prontos para entrar. Um disse: 'Estive no exército, só me dê uma arma. Não vou hesitar. Vou entrar'", contou.
— Os agentes responderam em minutos — assegurou o chefe da polícia de Uvalde, Daniel Rodríguez.
Além dos 21 mortos, 17 pessoas ficaram feridas no massacre no Texas, incluindo três policiais. Nesta quinta-feira (26), o marido de uma professora da quarta série que morreu protegendo os alunos faleceu. Os familiares do homem indicaram que a causa da morte poderia ser um ataque cardíaco. O casal deixa quatro filhos.
A tragédia abalou Uvalde, cidade de 16.000 habitantes entre a cidade de San Antonio e a fronteira com o México, predominantemente latina.
A Casa Branca anunciou que o presidente Joe Biden e sua esposa, Jill, viajarão no domingo a Uvalde para "acompanhar o luto da comunidade". Meghan Markle, esposa do príncipe Harry, da Inglaterra, que mora com o marido e os dois filhos na Califórnia, esteve nesta quinta (26) no local para dar suas condolências. A visita foi a título pessoal, disse um assessor.