O centro do Sri Lanka estava sob toque de recolher nesta quarta-feira (20), um dia após a morte de um manifestante pelas mãos da polícia, em meio ao agravamento da crise econômica e social que levou a comunidade internacional a pedir moderação.
A ilha de 22 milhões de habitantes sofre uma escassez generalizada dos produtos de necessidade básica, como alimentos, combustíveis e medicamentos, devido à falta de dólares para financiar as importações.
O governo decidiu recorrer ao Fundo Monetário Internacional para receber um resgate, em meio aos protestos que abalam o país há várias semanas para pedir a saída do presidente Gotabaya Rajapaksa.
Um toque de recolher continua em vigor nesta quarta-feira em Rambukkana, a 95 quilômetros da capital Colombo, onde as manifestações contra a escassez de gasolina e o aumento generalizado dos preços culminaram em atos violentos.
Nesta quarta-feira, o governo decretou um toque de recolher e a maioria dos comércios não abriu.
Os moradores de Rambukkana contaram à AFP que o protesto estava pacífico, até que a polícia lançou gás lacrimogêneo para permitir a passagem de caminhões-tanque com combustível.
A multidão respondeu lançando pedras e a polícia começou a disparar, relatou Cyril, proprietário de um hotel próximo ao local onde aconteceram os distúrbios.
Um homem de 42 anos, pai de dois filhos, morreu e quase 30 pessoas, entre elas 11 policiais, ficaram feridos, segundo as autoridades.
"Eles me bateram com um bastão na perna e na mão", disse Vasantha Kumara, cozinheira de 41 anos, à AFP. "Eu implorei aos policiais que não me batessem, mas eles não me ouviram".
"As pessoas estão com raiva, somos todos pobres, estamos lutando pelo mínimo", acrescentou.
O preço da passagem do transporte público deve aumentar 35% nesta quarta-feira, um dia depois que os preços da gasolina subiram quase 65%. O preço do pão aumentou quase 30%.
O presidente disse estar "profundamente triste" com o ocorrido e prometeu que o direito à manifestação pacífica será respeitado.
As principais delegações diplomáticas destacadas em Colombo, especificamente as dos Estados Unidos e do Reino Unido, manifestaram a sua preocupação e pediram moderação a todas as partes.
Sri Lanka está imerso em sua pior crise econômica desde sua independência em 1948. Em 12 de abril, anunciou que deixaria de pagar sua dívida externa de 51 bilhões de dólares.
O governo iniciou nesta semana em Washington negociações com o FMI para solicitar uma ajuda de entre 3 bilhões e 4 bilhões de dólares.
* AFP