Projeções divulgadas pela imprensa francesa apontam que o presidente Emmanuel Macron será reeleito ao vencer o segundo turno das eleições deste domingo (24), derrotando a representante da extrema-direita Marine Le Pen.
Caso as estimativas se confirmem, Macron será o primeiro presidente a ser reeleito na França desde o conservador Jacques Chirac (1995-2007). Segundo as projeções, Macron recebeu cerca de 58% dos votos e Le Pen, 42%.
Macron chegou pouco antes das 22h a um palco montado na região da torre Eiffel para seu primeiro discurso como eleito. Aos milhares de eleitores que o aguardavam, o presidente agradeceu o apoio e a mobilização para vencer o pleito. Fez questão de ressaltar seu compromisso em governar para aqueles que escolheram a "extrema direita, a raiva" neste domingo:
— A partir de agora, não sou mais o candiato de um campo, mas o presidente de todos. Sei que muito dos nossos compatriotas escolheram a extrema direita, a raiva, e também minha responsabilidade traze-los de volta. Ninguém será deixado ao longo do caminho.
As últimas palavras do discurso, antes da interpretação do hino francês, a Marselhesa, por uma cantora foram:
— Viva a República! Viva a França!
Marine Le Pen disse neste domingo que manterá a luta contra o Macron no período que antecede as eleições parlamentares de junho, ao admitir a derrota para o atual líder da França nas eleições presidenciais.
— Os franceses mostraram nesta noite o desejo de uma forte oposição contra Emmanuel Macron, por uma oposição que continuará a defendê-los e protegê-los — disse a candidata de extrema-direita a apoiadores depois que projeções iniciais indicaram que ela perdeu nas urnas.
Vale destacar que as pesquisas divulgadas na última sexta-feira (22) já indicavam que o candidato do República em Marcha (LREM), de 44 anos, venceria sua rival do Reunião Nacional (RN), de 53 anos, com uma vantagem menor do que em 2017, quando foi eleito com 66,1% dos votos.
A votação
Nos arredores de Paris ao coração da Borgonha, do Pacífico Sul à Bretanha, milhões de franceses se mobilizaram neste domingo para cumprir seu "dever" ou, inclusive, "evitar uma guerra civil". Outros, desiludidos, preferiram ignorar as urnas.
Quase 49 milhões de eleitores estavam aptos a escolher entre o mandatário centrista, Emmanuel Macron, e a ultra-direitista Marine Le Pen no segundo turno da eleição presidencial, em plenas férias escolares na França.
Na escola Trégain, em um bairro de Rennes (oeste), a jornada eleitoral começou "mais tranquila que há duas semanas", quando "não fizeram nenhuma pausa", explica Fabien Toulemonde, 47 anos, secretário da seção eleitoral 151.
Yolande Yédagni, uma desempregada de 57 anos, considera "um dever ir votar" e se disse tranquila sobre o resultado da votação, ao contrário de Bernard Maugier, 76 anos. Este aposentado com gorro "NY" assegura que votou "para evitar uma guerra civil".
— Entre a peste e a raiva, devemos tomar a decisão correta — disse Pierre Charollais, um aposentado de 67 anos, advogando por um "voto responsável" em um contexto "particular" pela guerra na Ucrânia e pela presidência francesa da União Europeia (UE).
Nenhuma esperança
No sudeste de Paris, no pequeno centro de votação instalado em uma escola infantil de Maisons-Alfort havia pouco movimento.
— As pessoas vieram votar logo, até as 8h (12h no horário de Brasília), a fim de irem para as férias em seguida — explicou uma representante eleitoral.
Os eleitores chegaram lentamente pela manhã. Na fila, Anny Platroze, 76 anos, que "pela primeira vez" em sua vida não soube em qual candidato votar no primeiro turno, já não possui "nenhuma esperança".
Porém, votou, como Kátia, uma vendedora de 27 anos, que o fez "sem nenhuma convicção, um pouco farta" e por "medo do que ocorrerá, de acordo com o resultado".
— O povo que se queixa e não vota apenas pode fechar a boca — sentencia um engenheiro de 46 anos.
No sudeste da França, nos Pirineus, Jean Lassalle, candidato derrotado no primeiro turno da presidencial, finalmente decidiu se abster diante da urna em seu colégio eleitoral de Lourdios-Ichère, constatou uma fotógrafa da AFP.
O candidato ruralista, que obteve 3,13% dos votos em 10 de abril, anunciou, em um primeiro momento, que votaria em branco, mas finalmente decidiu que esse voto "já não estava à altura" frente a uma situação "preocupante", assegurou à AFP.