Representantes da comunidade judaica da Croácia boicotaram, nesta sexta-feira (22), a cerimônia de homenagem às vítimas do campo de Jasenovac, considerado o "Auschwitz croata", acusando as autoridades de tolerar sentimentos pró-nazistas expressos neste país balcânico.
Este campo foi administrado pelo regime Ustasha, aliado dos nazistas, que perseguiu e massacrou centenas de milhares de sérvios, judeus, ciganos e opositores croatas durante a Segunda Guerra Mundial.
Os judeus, os sérvios e os ciganos, que denunciam um revisionismo crescente na Croácia, boicotaram estas homenagens durante três anos, antes de se juntarem a elas em 2020 e, paralelamente, iniciarem um diálogo sobre a intolerância com as autoridades.
As cerimônias comuns de homenagem da data do desmantelamento do campo em 1945 não foram realizadas no ano passado devido à covid-19.
O governo conservador deste país membro da União Europeia foi criticado nestes anos por não ter condenado o surgimento da ideologia Ustacha e o revisionismo histórico predominante entre os setores mais de direita.
O último escândalo surgiu quando um emissário do governo enviado a uma cerimônia em homenagem aos paramilitares da guerra dos anos 1990 declarou recentemente que a Croácia "não existiria sem 10 de abril de 1941".
Nessa data, foi criado o efêmero Estado Croata Independente (NDH), aliado da Alemanha nazista. O governo se distanciou dessas declarações, qualificando o emissário como "inexperiente" e acusando-o de ter cometido um "erro grave".
A comunidade judaica, que exige que o governo proíba oficialmente todos os símbolos Ustacha, organizará sua própria homenagem na próxima semana.
* AFP