O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, afirmou que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não está preparada para aceitar seu país e que a aliança tem medo de questões "controversas".
Em entrevista transmitida pelo canal de TV americano ABC, Zelensky disse que não insiste mais na adesão à Otan, uma das questões utilizadas pela Rússia para invadir seu país.
E, em outro aparente gesto de abertura às demandas de Moscou, Zelensky afirmou que está disposto a chegar a um "compromisso" sobre o status dos territórios separatistas no leste da Ucrânia, cuja independência foi reconhecida unilateralmente pelo presidente russo, Vladimir Putin, pouco antes de lançar o guerra em fevereiro.
— Em relação à Otan, moderei a minha posição sobre esta questão há algum tempo, quando entendemos que a Aliança Atlântica não está pronta para aceitar a Ucrânia — disse na entrevista exibida na noite de segunda-feira (7).
— A aliança tem medo de qualquer controvérsia e de um confronto com a Rússia — lamentou.
Zelenski acrescentou que não quer ser presidente de um "país que implora de joelhos" para ingressar na organização.
A Rússia, que invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro e está em guerra na ex-república soviética, está exigindo garantias de que Kiev nunca ingressará na Otan, uma aliança transatlântica criada para proteger a Europa da ameaça da União Soviética no início da Guerra Fria e que foi gradualmente se expandindo. O Kremlin considera ameaçador esse alargamento e as posições militares dos aliados ocidentais perto das fronteiras russas.
Pouco antes da invasão, o presidente Putin reconheceu duas "repúblicas" separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia que estavam em guerra com Kiev desde 2014. Agora ele está exigindo que a Ucrânia também reconheça sua independência.
Sobre esta questão, o presidente Zelensky disse à ABC que está aberto ao diálogo:
— Estou falando de garantias de segurança. Acho que quando se trata desses territórios temporariamente ocupados (...) que só foram reconhecidos pela Rússia (...) podemos discutir e chegar a um compromisso sobre o futuro.
— O importante para mim é como vão viver as pessoas que estão nesses territórios e que querem fazer parte da Ucrânia — acrescentou, considerando que a questão é "mais complexa do que simplesmente reconhecê-los".
— Esse é outro ultimato, e nós rejeitamos os ultimatos. O que é necessário é que o presidente Putin inicie um debate, inicie um diálogo, em vez de viver em uma bolha — afirmou.