Os líderes da União Europeia (UE) buscam criar um "fundo fiduciário" em apoio à Ucrânia, a fim de ajudar a reconstruir o país quando a guerra com a Rússia terminar - conforme rascunho de um documento, ao qual a AFP teve acesso.
Os mandatários dos 27 países da UE terão uma cúpula, nestas quinta e sexta-feiras (24 e 25), em Bruxelas, cuja agenda se concentrará nas consequências da invasão militar russa ao território ucraniano. A ideia de criação do fundo consta do rascunho das conclusões.
"Levando-se em consideração a destruição e as enormes perdas provocadas na Ucrânia pela agressão militar russa, a UE se compromete a prestar apoio ao governo ucraniano para suas necessidades imediatas e, uma vez que haja cessado o ataque russo, para a reconstrução de uma Ucrânia democrática", afirma a versão preliminar do documento.
Para isso, "o Conselho Europeu concorda em criar um fundo fiduciário de solidariedade com a Ucrânia e pede que os preparativos comecem sem demora", acrescenta o texto negociado pelos governos europeus.
O rascunho do documento propõe a organização de uma conferência internacional para arrecadar fundos, mas não dá detalhes sobre o tamanho, ou sobre o mecanismo de funcionamento dessa iniciativa.
A ideia de um fundo dessa natureza foi mencionada pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, pela primeira vez, durante um telefonema, na sexta-feira (18), com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Nessa oportunidade, Michel mencionou que tal fundo serviria como uma "coluna vertebral" para a posterior reconstrução da Ucrânia.
O bloco já adotou vários pacotes de sanções contra funcionários e empresas russas e alcançou um acordo político para duplicar um primeiro aporte de 500 milhões de euros para compra e entrega de material letal e de equipamentos médicos na Ucrânia. Até o momento, porém, as sanções não se estendem ao setor energético russo, ainda que, em semanas recentes, as pressões para que a UE avance nesse sentido tenham-se tornado mais explícitas.
Na segunda-feira (21), o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, disse que a ideia de vetar importações europeias de gás e de petróleo russos estava sob análise no bloco. A ideia não desfruta de unanimidade, já que diversos países europeus são altamente dependentes dos combustíveis fósseis (gás e petróleo) russos e não poderiam administrar uma ruptura tão brusca.
Por isso, o rascunho da declaração acessada pela AFP menciona apenas que o bloco está "pronto para se mover rapidamente com mais sanções coordenadas" contra Rússia e contra Belarus.
* AFP