O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou nesta quarta-feira (23) que a Rússia "violou a integridade territorial da Ucrânia", pelo fato de que o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência de duas províncias no leste ucraniano. Durante discurso em sessão da Assembleia Geral da ONU para tratar do caso, a autoridade pediu um cessar-fogo entre as partes e que possa haver negociações diplomáticas para resolver o assunto.
Guterres qualificou o caso como a "mais séria crise de segurança global dos últimos anos" e notou que há "duas narrativas opostas" no caso. Para ele, de qualquer modo, "está claro" que Moscou violou a soberania ucraniana com seu anúncio. Guterres comentou ainda que o mundo enfrenta um "momento de perigo" no episódio e disse temer que o confronto se expanda e ganhe escala e gravidade.
Ministro pede pressão contra a Rússia
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou hoje que seu país não tem nenhum plano de realizar uma ofensiva militar na região de Donbass, no leste do país, que inclui as duas províncias reconhecidas como independentes pela Rússia, Donetsk e Luhansk.
Durante sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas sobre a crise no país, Kuleba pediu que a comunidade internacional pressione Moscou a recuar e disse que o presidente russo, Vladimir Putin, só poderia ceder se for alvo de pressões do tipo.
Segundo o ministro ucraniano, Kiev tem reforçado suas defesas apenas por causa das "ameaças e ações" do vizinho.
— A Rússia precisa retirar suas tropas do Estado soberano da Ucrânia — afirmou ele, dizendo que os ucranianos ainda têm "esperança na paz, que a diplomacia prevaleça".
Kuleba pediu "medidas concretas e resolutas da ONU e da comunidade internacional" para conter a Rússia e considerou que "estamos em um momento crucial da história do mundo". Ele pediu que não sejam cometidos "erros como no passado", traçando como paralelos os anos anteriores à Primeira e à Segunda Guerras.
— Não há tarefa mais importante hoje que não repetir os erros do passado — disse, pedindo que a comunidade internacional possa "evitar uma nova catástrofe na Europa".
O ministro disse ainda que a Rússia já exige atualmente, na prática, praticamente o fechamento dos portos ucranianos, "sob o pretexto de fazer exercícios militares".