Considerado um líder nacionalista de extrema-direita, Viktor Orbán é um dos símbolos da chamada "democracia iliberal", termo cunhado para designar guinadas autoritárias por meio do voto. Nesta quinta-feira (17), o presidente Jair Bolsonaro, que cumpre agenda fora do país, desembarcou na Hungria, onde se reuniu com o primeiro-ministro do país e o chamou de "irmão".
O premier chegou ao poder em 2010 e, desde então, promove uma escalada autoritária no país, com enfrentamentos ao sistema judiciário e perseguições à oposição e a minorias, como a comunidade LGBTQIAP+ e imigrantes.
Em 2019, Orbán compareceu à posse de Bolsonaro e recebeu visita oficial do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho "zero três" do presidente, quando o parlamentar chefiava a Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
Em seus 12 anos no poder, Orbán também criou um órgão de regulação da imprensa e ele passou a cassar concessões por causa de coberturas. Além disso, o governo aplica multas às empresas de jornalismo.
A visita oficial de Bolsonaro à Hungria é vista no meio diplomático como um aceno ideológico à base mais radicalizada do presidente, que neste ano pretende concorrer à reeleição.
A balança comercial brasileira com a Hungria é modesta e deficitária: bateu - US$ 394,7 milhões em 2021, sendo US$ 456,5 milhões em importações e US$ 61,8 milhões em exportações.
O governo brasileiro assumiu em nota oficial ter "afinidade de visões de mundo" com a Hungria, um país que vive processo de guinada autoritária acompanhado por estudiosos e líderes internacionais. Em documento enviado a jornalistas pela equipe que acompanha o presidente Bolsonaro na visita oficial a Budapeste, o Ministério das Relações Exteriores fala em proximidade.
"A aproximação com a Hungria, país com o qual o Brasil mantém afinidade de visões de mundo, tem propiciado convergências na relação bilateral e em posicionamentos no plano internacional, com base em valores comuns e na cooperação em diversas áreas", diz o texto.
Bolsonaro e Orbán se reuniram na manhã desta quinta-feira em Budapeste após o presidente visitar a Rússia, onde conversou com Vladimir Putin.