A Justiça militar congolesa condenou neste sábado (29) à pena capital 51 réus envolvidos no assassinato de dois especialistas da ONU em 2017 em Kasai, na região central da República Democrática do Congo.
Além dessas sentenças, pronunciou uma pena de 10 anos de prisão para um coronel e absolveu duas pessoas no processo, entre elas o jornalista Raphaël Trudon Kapuku Kamuzadi.
Na República Democrática do Congo, a pena de morte é ditada com frequência, especialmente nos casos em que há envolvimento de grupos armados, mas já não é aplicada após uma moratória decidida em 2003, e é sistematicamente comutada para prisão perpétua.
Michael Sharp, de nacionalidade americana, e Zaida Catalan, sueca, desapareceram em 12 de março de 2017, quando estavam em Kasai para realizar investigações sobre valas comuns relacionadas com o conflito que começou na região após a morte do chefe local da seita Kamuina Nsapu pelas mãos das forças de segurança.
O conflito deixou 3.400 mortos e dezenas de milhares de deslocados entre setembro de 2016 e meados de 2017.
Os corpos dos especialistas foram encontrados em um vilarejo duas semanas depois, em 28 de março de 2017. Catalan foi decapitada.
Segundo a versão oficial, eles foram executados a partir de 12 de março de 2017 por milicianos da seita Kamuina Nsapu.
Contudo, em junho daquele mesmo ano, um relatório entregue ao Conselho de Segurança da ONU indicou que os assassinatos foram uma "armadilha premeditada" e não descartava a participação de membros das forças de segurança estatais.
Os condenados à pena capital, dos quais cerca de 20 fugiram e foram julgados 'in absentia', são em sua maioria ex-milicianos da Kamuina Nsapu.
* AFP