O governo etíope anunciou nesta segunda-feira (6) ter recuperado as cidades estratégicas de Dese e Kombolcha, no norte do país, mais de um mês depois de os rebeldes do Tigré terem reivindicado o controle das duas.
"A cidade histórica de Dese e Kombolcha, cidade comercial e industrial, foram libertadas pelas corajosas forças de segurança", declarou o serviço de comunicação do governo no Twitter.
O porta-voz do grupo rebelde Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF), Getachew Reda, escreveu na noite desta segunda no Twitter que o grupo se retirou de várias localidades, entre elas Kombolcha e Dese, mas que isso "fazia parte do plano".
Há um mês, os rebeldes da Frente Popular de Liberação do Tigré (TPLF) ameaçavam Adis Abeba, após terem tomado o controle de Dese e Kombolcha, situadas em uma rodovia que liga a capital do norte do país ao Djibuti. Eles afirmavam ter chegado a Shewa Robit, 220 km a nordeste de Adis Abeba.
Mas desde que o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, assegurou no começo de dezembro que chefiaria as operações pessoalmente no terreno, o governo anunciou uma série de vitórias sobre os rebeldes.
Citado pela emissora estatal Ethiopian Broadcasting Corporation, Abiy declarou que os rebeldes tinham sofrido "fortes perdas" e que eram "incapazes de resistir ao ataque" do exército, aliado a várias milícias pró-governo.
"Vamos combater o inimigo e a vitória persistirá", acrescentou.
Na quarta-feira, o governo anunciou que suas forças tinham recuperado o sítio de Lalibela, famoso por suas igrejas esculpidas na rocha e inscrito na lista do patrimônio mundial da humanidade da Unesco. O local tinha caído nas mãos dos rebeldes de Tigré em agosto.
No entanto, no domingo, o chefe do TPLF, Debretsion Gebremichael, negou que o governo estivesse avançando sobre o terreno e assegurou que os insurgentes estavam imersos em uma reorganização estratégica e que não tinham sido derrotados.
O conflito teve início em novembro de 2020, quando o primeiro-ministro, Abiy Ahmed enviou tropas à região do Tigré, a mais setentrional, em resposta aos ataques que, segundo ele, o TPLF fez contra acampamentos do exército.
Segundo a ONU, os combates deixaram milhares de mortos e empurraram para condições próximas à fome mais de dois milhões de pessoas.
* AFP