O governo da Etiópia afirmou nesta quarta-feira (22) que seus soldados reconquistaram uma cidade do sul do Tigré que estava no poder dos rebeldes, o que representaria seu primeiro grande avanço territorial na região sacudida há meses pela guerra.
"As corajosas forças de defesa etíopes e as forças de segurança da região de Amhara, após varrerem as forças inimigas, capturaram a cidade de Alamata", informou o serviço de comunicação do governo em nota.
Este anúncio ocorre dias depois de os rebeldes da Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF), que haviam avançado nos últimos meses nas regiões vizinhas de Amhara e Afar, terem dito que se retiraram de várias áreas do norte da Etiópia.
"As forças de defesa nacional etíopes e as forças de segurança da região de Amhara, que estão em processo de destruir o bando terrorista em fuga, marcham rumo a Abergele", acrescentou o governo, em alusão a um distrito da região do Tigré.
Embora não tenha sido confirmada, a retirada dos rebeldes de Amhara e Afar tinha gerado a esperança de possíveis negociações para encerrar o conflito, que dura mais de um ano, somado a uma grave crise humanitária.
A linha de frente tem oscilado desde o fim de outubro, período em que as duas partes reivindicaram avanços importantes e no qual os rebeldes afirmaram ter se aproximado a apenas 200 km de Adis Abeba.
A ameaça à capital levou o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, ganhador do Nobel da Paz em 2019, a se deslocar para o front em novembro e, desde então, as forças governamentais recuperaram alguns pontos-chave.
O conflito começou em novembro de 2020, depois que o primeiro-ministro enviou o exército para desalojar os rebeldes do TPLF, aos quais acusa de atacar bases militares.
Ahmed prometeu uma vitória rápida, mas em junho, os rebeldes retomaram a maior parte do Tigré e avançaram para as regiões vizinhas de Afar e Amhara.
O conflito deixou mais de dois milhões de deslocados e levou centenas de milhares de etíopes à beira da fome extrema, segundo a ONU, com relatos de chacinas e estupros dos dois lados.
A situação levou o Conselho de Direitos Humanos da ONU a votar para ordenar uma investigação internacional sobre as acusações de abusos.
* AFP