O Talibã anunciou nesta segunda-feira (6) que "capturou por completo" o vale de Panjshir, onde estavam entrincheiradas as últimas forças de de resistência do Afeganistão, que responderam conservar "posições estratégicas" e se comprometeram a prosseguir com a luta.
Após a vitória sobre as tropas governamentais em agosto e a retirada das tropas dos Estados Unidos na semana passada, depois de 20 anos de guerra, os talibãs iniciaram uma operação para sufocar a resistência concentrada no montanhoso vale de Panjshir, perto de Cabul.
— Com esta vitória, nosso país saiu por completo do pântano da guerra. As pessoas viverão agora em liberdade, paz e prosperidade — afirmou o principal porta-voz do movimento islamita, Zabihullah Mujahid, em um comunicado.
Uma imagem publicada nas redes sociais pelo Talibã mostra as tropas do movimento no gabinete do governador da província de Panjshir.
A Frente Nacional de Resistência (FNR), formada por milícias anti-Talibã e alguns militares do derrotado exército afegão, respondeu que seus integrantes conservam "posições estratégicas" no vale.
"A luta contra os talibãs e seus aliados continuará" afirmou a FNR.
Na madrugada de segunda-feira, a FNR reconheceu muitas baixas em combates durante o fim de semana e pediu um cessar-fogo.
As forças do grupo são integradas por milicianos locais leais a Ahmad Masud, filho do famoso comandante Ahmed Shah Masud que enfrentou os soviéticos e os talibãs, e por remanescentes do exército afegão que seguiram para a região de Panjshir.
O grupo defendeu o combate ao Talibã, mas deixou a porta aberta para negociar com os novos governantes. Os primeiros contatos, no entanto, não resultaram em nada concreto.
O vale de Panjshir é famoso por ter resistido à ocupação soviética e ao primeiro governo Talibã (1996-2001).
Após o anúncio da conquista de Panjshir, os talibãs convocaram ex-integrantes das forças de segurança afegãs a aderir ao novo regime e advertiram contra qualquer tipo de insurgência contra seu poder.
— As forças afegãs que foram treinadas nos últimos 20 anos serão convocadas a retornar aos departamentos de segurança, ao lado de membros do Talibã — afirmou Zabihullah Mujahid.
O porta-voz Talibã também fez um alerta contra qualquer tentativa de insurgência.
— O Emirado Islâmico é muito sensível às insurgências. Qualquer um que tentar iniciar uma insurgência será atacado com firmeza. Não permitiremos outra — afirmou.
Três semanas após a conquista da capital Cabul, o Talibã ainda não anunciou um governo. Mujahid disse que primeiro será anunciado um sistema "interino" que permita mudanças.
— As decisões finais foram tomadas. Agora estamos trabalhando em questões técnicas — disse.
— Anunciaremos o novo governo assim que resolvermos estas questões técnicas — concluiu.