Em um sinal de agravamento da crise diplomática provocada pela aliança militar entre Estados Unidos e Austrália, a França convocou seus embaixadores em Washington e Canberra para demonstrar insatisfação com o cancelamento pela Austrália de um importante contrato de venda de armas com a França.
"A pedido do presidente da República, decidi chamar imediatamente para consultas nossos dois embaixadores nos Estados Unidos e na Austrália. Esta decisão excepcional se justifica pela gravidade excepcional dos anúncios realizados em 15 de setembro por Austrália e Estados Unidos", declarou ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian em um comunicado nesta sexta-feira, 17.
A Austrália cancelou um acordo bilionário para adquirir submarinos convencionais franceses após firmar uma nova aliança com o Reino Unido e os Estados Unidos, por meio da qual obterá submarinos de propulsão nuclear americanos.
A França ficou furiosa, acusou a Austrália de "apunhalá-la pelas costas" e disse que não confiaria mais nas negociações comerciais com o país. Também acusou os Estados Unidos de comportamento impróprio para um aliado próximo.
O governo da Austrália prometeu trabalhar em estreita colaboração com a França.
— Entendo totalmente a decepção. Não há dúvida de que essas são questões muito difíceis de lidar — disse a ministra de Relações Exteriores australiana, Marise Payne, em Washington. — Mas seguiremos trabalhando de forma construtiva e próxima de nossos colegas franceses — afirmou Marise no American Enterprise Institute.
Marise indicou que a Austrália reconhece o papel da França no Pacífico, inclusive os esforços conjuntos com a Nova Zelândia em termos de ajuda humanitária.
Os Estados Unidos esperam resolver sua disputa com a França sobre a crise dos submarinos "na próxima semana" nas Nações Unidas, disse um porta-voz diplomático americano nesta sexta-feira.
"Temos estado em contato próximo com nossos aliados franceses" e "esperamos continuar nossa discussão sobre esta questão em alto nível nos próximos dias, inclusive na Assembleia Geral da ONU na próxima semana" em Nova York, afirmou Ned Price no Twittter.
Ele garantiu "entender" a posição de Paris e acrescentou que Washington tomou nota da decisão sem precedentes de chamar o embaixador francês para consultas em Paris.
(Com agências internacionais)