A União Europeia (UE) pediu nesta quinta-feira (5) um "cessar-fogo urgente, completo e permanente" no Afeganistão e condenou o aumento dos ataques cometidos pelos talibãs. O grupo ultraconservador assumiu o controle de várias zonas rurais desde que as forças estrangeiras, em especial, as dos Estados Unidos, anunciaram a retirada do país no início de maio, após duas décadas de ocupação.
"A ofensiva militar dos talibãs é uma contradição direta com seu compromisso por uma resolução negociada do conflito e no processo de paz de Doha", afirma um comunicado conjunto do chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell, e do comissário europeu para a gestão da crise, Janez Lenarcic.
A UE condenou o ataque lançado recentemente contra as instalações da Missão da ONU (Unama) na província de Herat, a ofensiva em Lashkar Gah que causou a morte de pelo menos 40 civis e a tentativa de atentado, na terça-feira (3), contra o ministro afegão da Defesa, general Bismillah Mohammadi, que deixou oito mortos.
"Esta violência sem sentido provoca um grande sofrimento aos cidadãos afegãos e aumenta o número de pessoas deslocadas no país, que buscam segurança e amparo", acrescentaram no comunicado.
O texto também destaca que as áreas controladas pelos talibãs são palco de violações dos direitos humanos, "como execuções arbitrárias e extrajudiciais de civis, flagelações públicas de mulheres, assim como a destruição de infraestruturas".
"Alguns destes atos podem constituir crimes de guerra e terão de ser alvo de uma investigação. Os combatentes, ou comandantes, talibãs responsáveis terão de ser responsabilizados", conclui a nota.
Na quarta-feira (4), os talibãs anunciaram que vão lançar novos ataques contra autoridades do governo afegão e que continuarão seu cerco a várias grandes cidades.
Nos últimos três meses, os talibãs conquistaram amplas zonas rurais e cruciais postos de fronteira em uma ofensiva relâmpago deflagrada após o início da retirada das tropas estrangeiras. A saída destas forças militares deve estar concluída até 31 de agosto.